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Mostrando postagens com o rótulo infância

A coragem de ser uma escritora

Umas semanas atrás, a mãe do melhor amigo do meu filhinho me disse que soube por seu filho que sou escritora. Eu achei engraçado e só confirmei meio envergonhada, mudando logo o rumo da conversa. Ontem, a professorinha da minha pequena filha, perguntou se eu voltei a trabalhar agora que Florinha entrou no jardim da infância. Respondi que não, pois sou dona de casa. Ela ficou lá, falando que as mães voltam a trabalhar nessa época e querendo saber mais sobre mim, e eu acabei dizendo que sou escritora e que posso trabalhar de casa sem problema. Ela ficou muito surpresa em saber disso e eu me vi pela primeira vez, falando sobre isso tranquilamente.  Pois é, estou assumindo isso: sou uma escritora! Por muito tempo, tive muito receio só de pensar nisso. Tenho meus incríveis e preferidos autores, e nunca poderia nem mesmo imaginar ter a audácia de me definir como um deles. Eu tinha pavor em colocar livros patéticos nas prateleiras. Porém, agora que sou uma escritora independente, esse med...

Um menino feliz

Há um menino franzino em frente a porta, muito atento a tudo o que acontece a sua volta. Ele para em frente a essa casa de madeira e sente o cheiro de comida vindo da cozinha. Ele respira fundo. Inspira, fechando os olhos. Quer gravar aquele momento no fundo da alma. Sabe que sua memória é rica de pequenos detalhes, quase imperceptíveis para muitos. Moreninho, de pés descalços, todo machucado de tanto brincar na rua; cabelinhos encaracolados iguais a os da sua mãe. Pele queimada de sol, do sol amazonense.   C riado na beira mar do bairrro de São Raimundo, em Manaus, sem a possibilidade sequer de se imaginar em uma infância melhor; a começar por tomar banho no rio quase todos os dias. O belo rio Negro! Que de tão escuro, de longe chega a ser azul. Não é literalmente beira mar, porque nem mar é, mas é tão bonito quanto. Ele tinha acabado de brincar de cemitério e de barra-bandeira. Ainda ontem a meninada do bairro brincava de garrafão, quando ele entrou na brincadeira, e caiu, ...

João e Maria

Ele chegou como sempre, todo serelepe no portão de casa, gritando o nosso nome. Os nomes das três meninas da casa. Saímos todas ao mesmo tempo. Ele tinha chegado das férias! Como é duro quando os amigos viajam e a gente não, e como eles demoram a chegar! A rua C ficava vazia, o eco era ouvido no fim da rua, e o som era de saudade. Nada tinha muita graça sem os melhores amigos por perto. Mas ele chegou! E como sempre, cheio de novidades. O cabelo levemente ondulado, os olhos vivos e puxados,  a boca cheia de dentes (sempre me pareceu ter mais dentes que o normal), vestido com sua indefectível camisetinha regata, lá estava ele, mostrando a pele magrinha, bronzeada da praia, cheirando a mar e vibrando nas histórias que tinha para contar. Histórias de longe, que nos deixavam com a imaginação ativa, viajando pelo menos, poeticamente e  dentro da possibilidade, das palavras de Buarque.  Nunca tínhamos saído de Manaus e o mais longe que já tínhamos ido, fora até o Plane...

Meu querido pé de manga

Na casa em que morávamos, quando eu tinha onze anos, havia cinco mangueiras. Cinco dessas maravilhosas criaturas num mesmo quintal, dá pra acreditar?! Como éramos cinco filhos, cada um tinha a sua árvore. A minha era a mais velha de todas, ficava entre as duas jovens e robustas mangueiras das minhas irmãs, que tinham a idade mais aproximada da minha.  Havia dias em que subíamos, cada uma na sua árvore, e ficávamos chupando manga e conversando, lá do alto. Podiamos ver as criancas correndo na rua, nossos irmaos menores brincando no quintal, nossa mae estendendo roupa no varal, o cachorro latindo atrás de um gato, o brilho ofuscante do fusca na garagem, as folhinhas verdes  do nosso pequeno gramado, o vermelho vivo dos nossos hibiscos encostados ao pequeno muro, e as mangas que caiam em cima do telhado, tornando-se cada vez mais amarelas, manchadas com uns pontos amarronzados. O que nos causava dó, desperdício de mangas! Às vezes, subíamos através dos galhos da minha árvore, ...

Saudade de rio

Popopopóóó... Lá vai o barco, descendo o rio. Deixando às margens, o banzeiro a encostar na areia. A criança cansada do dia e queimada de sol, encosta o queixo na borda de madeira lascada, da popa do barco. Fica olhando o movimento que o motor vai formando na água, atrás dele. Parece guaraná gelado, sendo servido num grande copo. A menina olha a água como que enfeitiçada, querendo entender como ela pode ter aquela cor. Ao redor dela, o verde da floresta, as palmeiras, e as grandes e soberbas, Castanheiras do Brasil. As rainhas da floresta! Tão imponentes,  dentro daquele verde esplendoroso das matas. Não sabe explicar, mas aquelas árvores lembram a beleza de sua mãe. Bonita, grande, formosa, que chama tanto a atenção. Antes de subir no barco, tomava banho com as primas no igarapé de águas geladas, ouvia o canto dos pássaros ao longe, e ele ainda entoa no seu lembrar. Não sabe dizer o nome de nenhum deles, mas sabe que eles estão ali nas copas das árvores. A avó  brinca de...

Visita à infância

Há dias que nos permitimos visitar-nos a nós mesmos, quando meninos. É bom, nao é?! Sentimos o pé descalço tocar o chão, pisar na grama, subir na mangueira e pegar as mangas lá do alto. Sentimos de novo, o que era nao ter medo. Nem de cair e nem das lagartas de fogo, que queimam nossa pele na mangueira. Olhamos do alto da frondosa árvore, a casa em que moramos e olhamos o teto, e temos vontade de subir nele pra pegar aquela manga madurinha que caiu lá longe, mas ouvimos a voz da mamãe dizendo que é hora do almoço. Descemos correndo, porque com mae nao se brinca,  e alcançamos a cozinha, onde a mamãe já colocou os nossos pratos e a comida simples mas que dá pra todos. Sentimos todos os aromas e sabores e temos a mamãe bem perto de novo. A gente se olha, a gente se alegra. A gente ri, todos os irmaos juntos. Então, corremos pra varanda, pra molhar o piso vermelho com água e sabão e escorregar de barriga pra baixo. Apostamos quem vai chegar primeiro do outro ...

Quando o espírito chora

Quando eu era menina, tínhamos na minha família, o hábito de todo domingo de páscoa, assistirmos todos juntos o filme sobre a vida de Jesus. Era algo como uma obrigacao, mas gostávamos daquele "ritual". Toda a família ia para nossa casa, que era onde todos preferiam se reunir: mae, irmaos, avó, tios, primas. E depois do almoco a tv era ligada. Essa cena é muito vívida na minha mente, é como se fosse hoje. Lembro do ambiente quente da sala de madeira, com brechas entre as ripas, por onde o forte sol amazonense entrava na casa. Do calor do teto de zinco. Das roupas que usávamos. Das molecagens dos primos, dos gritos e risos da minha mae, da minha avó, das tias. Do agradável aroma que vinha do preparo da comida. Ou do mingau de mungunzá com canela, que seria servido mais tarde. Tenho aquele cheiro de cravinho da índia, tao marcado na memória.  Lembro de todo aquele povo reunido na sala: no sofá, nas cadeiras de balanco, no chao. Ao pé da porta. A tv laranja berrante, da min...

A luz foi embora

Como todo fim de ano, passamos o natal na casa dos meus sogros. Ficamos cerca de quatro ou cinco dias por lá. Há uma coisa nesses encontros que gosto mais do que as aparentemente infindáveis trocas de presentes, que eles amam fazer. É que gosto de ter a família mais perto. E nao me refiro exatamente aqui aos sogros ("familia" na Alemanha é somente considerada os pais e filhos, primos tios e até avós nao sao contados realmente como tal) mas a família que está aqui em casa, essa família de todo dia. Enquanto estamos lá, os pais do meu marido, em consideracao a nós, nao ligam televisao. Passamos os dias comendo muito bem (minha sogra é uma ótima cozinheira), dormindo mais do que deveríamos, jogando baralho e outros joguinhos, fazendo algumas caminhadas no frio e conversando bastante. Os filhos, quando descem de seu quarto, vem com um alegre bom  dia  e ao subirem,  dao em cada um, um abraco de boa noite. Enquanto estamos juntos na sala ou no jardim de inverno, estamos sempr...

Carta à menina

Querida menininha, faz algum tempo que nao nos falamos. Sei que você, em outros tempos, com essa minha ausência, estaria se sentindo magoada e teria ido prum canto choramingar que nao é amada. Reclamaria da eterna falta de amor que marcou tao terrivelmente teu passado e tua mente, e remoeria todos os teus ressentimentos novamente. Até que esse mover te deixasse muito mal e você adormeceria embalada por um canto melancólico, até que  o amanha, ao te acordar, te encontrasse com os olhos inchados de tanto chorar.  Você me visitou tantas vezes nesses últimos trinta anos que deve ter sido estranho pra você, a minha ausência de agora. Sei que era bom quando eu pegava na tua mao e íamos passear. Me desculpe menininha, acontece que eu cresci. E agora preciso que você largue minha mao. Por muitos anos, você assustada e medrosa, me assustou e meteu medo. Nao! Nao quero dizer com isso que você é feinha, como tanto já te disseram. De modo algum! Você é até bem bonita. Mas você me...

Mamae e Roberto Carlos

Nao sei como fui parar hoje, enquanto cozinhava, num canal do youtube onde havia um show de natal de uns anos atrás do Roberto Carlos. Deixei rolando as músicas enquanto cortava peixe, cebolas, azeitonas e batatas. Como era de se esperar, me deixei também levar pelas músicas. E minha mae veio à minha mente. Nao tem jeito de ouvir Roberto Carlos e nao lembrar dela. Principalmente nos especiais de natal, quando ele é presenca marcante desde muitos anos na TV. E hoje vieram muitas lembrancas da minha mae, preparando todas as refeicoes de natal e parando tudo o que fazia, quando comecava o show. Ficávamos as criancas arrumadinhas esperando os primos que acabavam de chegar, cada tio com um  prato pra aumentar nossa ceia e mamae fazia todo mundo sentar pra assistir o concerto. Nada acontecia na casa antes que Roberto nao cantasse a última cancao tendo minha mae como acompanhante. Lembro desses natais agradáveis e alegres em família e quando ainda havia a linda presenca da minha av...

Minha mae e as cobras

E lá ia minha mae limpar o quintal. Parecia que ia pra guerra.  Sapatos fechados, chapéu, facao, luvas, ciscador, vassoura e pá.  O quintal era grande, tinha uma goiabeira linda, que nós nunca cansávamos de subir,  pés de abacate e graviola. Uma mangueira de tamanho médio, que dava umas manguinhas meio sem graca, que nem comparacao tinha com as que havia na vila militar. Uma hortinha, meio xexelenta, muita chicória que dava como mato e um matagalzinho que crescia sem parar depois de longos meses de chuva no Amazonas.  Ela ia toda equipada enfrentar sua mais difícil missao na vida: limpar o quintal e encarar as "cobras" de duas cabecas. Mamae limpava tudo sozinha e nao sei porque, quase nunca nos chamava pra ajudar. Nossa única obrigacao era no fim da sua, colocar nos sacos plásticos, toda a folhagem que ela juntou.  De repente, no meio do nosso desenho animado preferido na TV, ela dava um grito que todos já esperávamos e que sem exagero, toda a vizinhan...

Quando eu desejei ter 1,70

Sempre fui pequena. Era a menorzinha das irmas. E entre as primas também. Mas nada me irritava mais do que ver pessoas que eram tao baixinhas como eu, zombando de mim. Como alguns podem ser tao ousados? Nas escolas, antigamente, havia durante o ano, exames biométricos. Lembro de um dia que na minha escola primária, que ficava dentro de um quartel (meu padrasto era subtenente e morávamos numa vila miliar) fomos atendidos por um médico. Ficávamos, aquele monte de criancas, esperando ansiosas na fila, debaixo de um sol escaldante até a hora de entrar pra sermos consultadas. Entrei e o médico que tinha um assistente também do quartel, me mandou tirar o uniforme. Quase morri de vergonha. Eu tinha onze anos, era uma mocinha! Fiquei lá, só de calcinha e com a camisetinha de jérsey que minha avó costurava pra mim, depois que notou que sua netinha preferida (cof cof cof) comecava a  se desenvolver na partes de cima e o jalequinho branco já estava muito tranparente. Subi na balanca. O assis...

Tirando as fraldas "na casa de pobre"

Quando éramos meninas, nunca parávamos em casa nos fins de semana. Nossa família era daquelas de inventar sempre um motivo pra estarmos todos juntos, e ir aos banhos de igarapés nos arredores de Manaus era nosso programa favorito. Éramos tao malucos com esses nossos passeios que alugávamos ônibus pra caber todo mundo. Iam todos os tios mais próximos, toda a filharada desses tios e nossa avó materna, Laura. Quando nao estávamos nesses banhos, estávamos juntos na casa da minha mae, que era aquela que reunia todos. Oportunidade essa em que o que se esperava de cada gênero, era muito bem observado na família: as mulheres iam cozinhar o almoco do dia, os homens iam jogar dominó e as criancas brincar na rua.  Nos fins de semana em que o resto da família nao estava com a gente, minha mae sempre nos levava pra tomar banho de piscina na casa de alguns amigos que ela e seu marido tinham.  Sao dessas casas que falo agora. Minha mae ficava impressionada como as pessoas eram difer...

Um pouco da vovó trago sempre em mim

Certo domingo, num de nossos muitos domigos de passeio para os banhos de Manaus, quando tava todo moleque arrumado pra sair, afoito pra pegar o ônibus, da família, sair cantando "se esse carro não virar olê olê olá, eu chego lá..." cheios de baldinhos, biquinis, toalhas de banho, mamães carregando valises com gelo, água, pratos e comidas, loucos de alegria para mais um domingo lindo, de muito sol e areia, num dos igarapés de Manaus, minha avó, que deveria estar doentinha e não poderia ir com a gente no ônibus, aparece perto da saída da turma. E ela me olha com o olhar mais triste do mundo, o olhar mais triste que uma vovó pode ter, e me pede pra ficar com ela aquele dia. Me promete um monte de coisas, pra eu ficar em vez de ir... mas como eu poderia ficar? Tava todo mundo se preparando pra sair, todo mundo animado, todo mundo feliz, tinha irmãos, primos, tios, mãe, todo mundo, e tinha também  salada de legume que as tias cortaram juntas na cozinha da mamãe,  t...

Você usou meias dancing days?

Caraca, minha mae saia de tamancao, bolsinha de mao e vestidao longo, vermelho e LUREX!  Minha mae era um luxo! E quando ela saia pra gandaia, as filhotas santinhas dela, iam pro quarto, colocavam os sapatos altos, as bijoux e os pós de arroz (cruzes coisa velha!) da mae e iam imaginar que estavam na discoteca. E as meinhas? Aaaaaaaiiiiii Nem sei se as meias tinham um nome especial, mas eu lembro disso aí desse jetinho mesmo. Minha mae já nao encarava as meinhas nao, eu acho (noooossa, a minha mae era a maior gata! lembrava a própria Sonia Braga, na novela)  mas a gente, meninas de 6, 7 e 8 anos - lá em casa é uma escadinha -  usava as meinhas listradinhas e brilhosas com melissinhas. Adorava aquilo! E o cheiro inconfundível das melissinhas? Ai como era bom quando a gente ganhava da mamae e ao abrir as caixinhas, vinha aquela sandália de borracha transparente,  macia e tao cheirosa, aaahhhhhhh... A única coisa chata das melissinhas era que ...

Quando eu tinha 16

Hoje meu filho completa 16 anos e eu fico pensando se algum dia ele vai ser adulto, responsável e consciente de seu futuro e de sua vida. Acordei pensando nisso, nos meus 16 anos e descobri perplexa usando de muita verdade comigo mesma, que eu nao era assim, taaaao diferente dele como eu gosto de dizer. Os meus 16 anos foram muito importantes pra mim. Foi o ano que comecei a levar a escola realmente a sério. Nao que nao o fizesse antes, mas agora, já era o 1° ano do 2° grau (nem sei como se diz isso hoje em dia) numa nova escola e pela primeira vez, particular! Tinha por obrigacao ser uma boa aluna, já que minha mae passou um dia inteirinho numa fila debaixo de chuva, pra conseguir uma bolsa que me garantiria passar os três anos seguintes nessa escola pagando só a metade da mensalidade. Ela sabia que minha irma e eu queríamos fazer vestibular e aquela escola era o melhor caminho pra nós. O Colégio Objetivo era famoso por ter os alunos mais bagunceiros da cidade, mas também era fam...

Devaneios no ônibus

Quando eu era menina e pegava o ônibus com minha irma que nos levava a escola, lá pelo meus 12 anos, ficava pensando em toda aquela gente dentro e fora do ônibus. Gente que subia, que descia, que andava na rua, que corria pelos pontos de ônibus. Achava incrível o trabalhao que Deus tinha pra cuidar de todo aquele povo, era muita gente meu Deus do céu! Um monte de gente diferente, cada um com sua vida, sua história. Ficava um tempao olhando a cara de todo mundo... Tinha gente baixa, alta, gorda, magra, feia, bonita, velha, nova, arrumada, baguncada, cheirosa, fedorenta... e aí, nesse meio tempo de olhar cada rosto, ficava imaginando o que a pessoa estaria pensando. A moca no namorado, o homem da feira com sua sacola de palha estaria pensando em qual peixe iria comprar? A crianca chorona querendo alcancar alguém lá na frente e tendo que passar por aquele monte de bundas altas na frente dela, o moco bonito com mochila da moda e walkman, a moca arrumadinha indo trabalhar com seu blazer de...

Eu cresci!! Eu CRESCI!!! EU CRESCI!!!!!!!!!!!!!!

Nao cresci fisicamente.  Infelizmente.  Bem que eu queria amanhecer um dia e ter magicamente, 1,70m... Nao cresci assim. Mas por dentro. O post vai ser longo. Entao, tudo bem se você fechar a página. Sei que você nao vai ter paciência de ler minhas descobertas de mulher finalmente, adulta. * * * Depois do sonho com minha avó , fiquei pensando muito ainda em qual era afinal o ensinamento que eu deveria tirar dali. Pensei por longos dias, li e reli cada comentário de vocês, fui e voltei na minha imaginacao a esse sonho procurando detalhes que passaram por mim, despercebidos. Tentei entender sozinha, li muito sobre sonhos, visitei muitos sites, livros, perguntei a amigos, tentei visitar o passado, até mesmo o futuro. Nao encontrava nenhuma resposta... Mas foi na cozinha aqui de casa, com minha filha Laura, de 18 anos, que entendi. Que entendemos juntas o meu sonho. Nao sei se estamos certas. Nao sei se há outras perspectivas a serem abordadas, mas por enquant...

A volta maravilhosa da DABKE

Nós tínhamos cerca de 13 a 15 anos. Éramos desde muito pequenas, muito artistas e quando conhecemos as pessoas certas e estudamos no colégio certo, fomos fazer a coisa certa: dancar num grupo folclórico, participar do Festival Folclórico Marquesiano, um dos festivais mais alegres, ecléticos e conhecidos de Manaus. Eu mesma só dancei um ano, pois minha prioridade era levar a sério os estudos (queria muito passar no vestibular) mas minhas irmas e suas amigas dancaram muitas outras vezes. E elas fizeram parte de um grupo muito bonito e sempre favorito desse festival, o DABKE.  Todos os dias havia ensaio no colégio Antônio Bittencourt.  Ensaiávamos todos ali, eu dancava pela Israel, e logo em seguida, havia o ensaio da Dabke, muita gente ia assistir, porque eles eram realmente muito bons. Enquanto assistíamos o ensaio, dancávamos junto e era assim que todos aprendíamos os passos. Até o dia da apresentacao, num palco enorme de madeira construido ao lado do Colégio Mar...