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Mostrando postagens com o rótulo saudades

Quando penso em voltar ao Brasil...

Há alguns anos, uma tia-avó do meu marido, de 94 anos, nascida na República Checa e que veio morar na Alemanha ainda muito jovem, me perguntou se eu sentia saudade do Brasil. Ao ouvir minha resposta negativa, ela só se ateve a falar: espere, com o tempo a saudade virá.  Nao dei importância ao que ela disse, e até mesmo dei uma risadinha quase arrogante: "ela nao conhece o meu país!". Até anteontem, esse tempo ainda nao havia chegado. Mas ontem, finalmente, ele veio. Muito provavelmente, estou escrevendo sob efeito dos hormônios, que me deixam meio que fora do meu normal, todo santo mês. "Mulher é bicho esquisito", como diria Rita Lee, "todo mês sangra". Sangramos na alma também, em alguns desses meses... Sempre disse a mim mesma que nao queria ser como muita gente que já encontrei aqui, infeliz por morar longe do país em que nasceu, falando mal da Alemanha por anos. Sempre enchi a boca pra falar "se está infeliz, porque nao volta?", ...

Ovo poché e minha avó

Todas as vezes que faco o tal do ovo poché, gosto de ficar observando seu movimento na água. Torcendo pra que ele saia perfeito. A chance de o ovo quando colocado na água quente, nao juntar suas partes, deve ser pequena, porque sempre dá certo, porém, o risco existe. Mas no fundo de mim existe uma menininha que espera que o ovo "desande" na panelinha e se misture a água, formando uma coisa etérea e sem forma. É que isso lembra muito a minha infância.  Nao, ninguém fazia ovo poché na minha casa, mas minha avó fazia o "caldo da caridade". Você certamente nao conhece, a nao ser que venha da Amazônia, ou talvez, de alguma parte do nordeste e seja já um tanto coroa ;-) Na verdade, o próprio caldo da caridade, nao leva ovo, o verdadeiro, se nao me engano, é o "cabeca de galo" ou algo assim, mas gosto de lembrar do caldo da minha avó quando cozinho. Essa é uma das coisas que me lembram muito a velhinha Laura.  Nao havia doente que nao se recuperasse co...

BC - Meu lugar inesquecível

Esta postagem faz parte da Blogagem Coletiva organizada pela Beth/Lilás , Teresinha e Priscila Ferreira Seria realmente muito difícil pra mim escolher um lugar inesquecível. Uma das muitas vantagens de se viver na europa, é poder viajar muito, mesmo nao tendo tanto dinheiro pra isso. Já estive em lugares incríveis que só imaginava em sonhos um dia poder conhecer e nao saberia dizer, sinceramente,  qual eu mais gostei. Mas como o convite das meninas tem a ver com sensacoes e amor e querer bem e boas lembrancas, escolhi um lugar que sempre que penso, vem até mim uma tranquilidade e carinho, que me sao muito valiosos e realmente, inesquecíveis. *** O meu lugar inesquecível é uma regiao coberta de florestas em que trabalhei no  interior do Amazonas, estado em que nasci. Cercada por verde intenso, por muitos rios e com barulho de folhagens balancando ao vento, bichos e água, envolvidas nos bracos dos muitos rios que as cercam como num abraco, Silves e Itacoatia...

Encontre a sua música pela melodia ou, o caso de amor da minha prima

Eu tenho uma prima muito querida, que esteve muito presente numa parte da minha infância e na verdade, em boa parte da vida adulta também. Ela é da parte do meu pai, e a pessoa mais ligada a nós daquele outro lado da família.  Seu nome é Kit e ela é a pessoa mais romântica que conheci na vida. Sua marca registrada sempre é deixada nas bochechas das pessoas: com batom vermelho, ela deixa sua boca em forma de coracao por onde passa.  Kit morou uma época com a gente, crescendo e nos ensinando sobre a vida de adulta. Ela é um bocadinho mais velha que nós, e por isso, quando eu era apenas uma menininha boba, ela já tinha quinze anos e namorava o Jorginho, o garoto pelo qual era apaixonadíssima. Kit vivia pela casa de cara apaixonada, cantava, dançava, falava de forma tao amorosa desse amor (imagine uma atriz italiana num daqueles filmes bem melosos - essa era a minha prima). Eu a achava simplesmente sensacional!  Um dia, ela nos mostrou uma foto em que estava de topless,...

Álbuns velhos de fotografia

Entao chega aquele momento em que o sol amazônico dá uma amenizada. E mais um fim de tarde fica agradável. Mamae já se sentou confortavelmente na sua cadeira de balanco e já tem as pernas ainda muito bonitas e bem modeladas, sobre o braco do sofá já nao tao novo. Tenta assistir sua novela, que será de vez em quando interrompida pelos muitos netos a sua volta, que sempre querem algo da vovó. E nós vamos chegando. Um por um. Nos jogando no chao levemente frio da sala, aos pés da porta, onde um outro vai chegando e se juntando a nós. Mamae olha pra gente e se diverte com nossa diversao de todo ano. Entao um de nós traz os velhos álbuns de fotografias, os mesmos,  de sempre. Ficamos maravilhados com a gente mesmo, eternizados naquelas imagens de cor de antigamente . Estamos todos ali, nós, os filhos, tao pequenos. Arrumadinhos, ou baguncados, fantasiados e cobertos de purpurina em um carnaval qualquer, de biquini nos banhos de Manaus,  de uniforme escolar, as irmas de roupas ...

Uma tarde no parque

Convidamos as criancas... adolescentes. "Ahh mae seria ótimo, mas ir com os pais ao parque é meio peinlich (dá muuuuuita vergonha!!!).... Nao pensamos duas vezes. Pegamos Pedrinho, que ainda fica feliz em sair com papai e mamae e lá fomos nós. Passear no parque de diversoes. Hoje é feriado aqui. Olhei a montanha russa e entre macas do amor, morangos cobertos de chocolate, algodoes doces, cervejinha e muito sol bonito brilhando numa temperatura linda de 25 graus, olhei pra cima e quase me emocionei. Era uma espécie de montanha russa. Voltei. Lá num tempo em que era bem menina, quando meu pai estava mais presente do que quando vivia com minha mae na mesma casa. Voltei num fim de tarde, com sol se pondo, num parquinho velho e enferrujado, numa Manaus antiga. Ele olhava a gente na montanha russa. A gente olhava ele lá de cima. As luzes piscavam perto do papai, músicas tocavam, pessoas passavam em volta. E ele sorria nos vendo felizes. Sorrindo. As suas três meninas, num ...

Legal ser mulher, né?

Existem dias em que eu ligo o pc só pra ouvir músicas antigas. Comeco pelas bandinhas e bandonas de rock dos anos 80´s, passo pelas internacionais, depois retorno ao português e volto às músicas da minha infância e no fim, sempre, mas sempre mesmo, acabo nas músicas breguérrimas que minha mae ouvia quando eu era muito menina.  Às vezes, me pego chorando... E nao sei por qual razao.  É um misto de alegria, tristeza, saudade, gratidao, tudo junto. Será que você me entende? Geralmente faco isso enquanto cozinho. Cozinhar tem sido pra mim uma ótima terapia. E uma boa desculpa chorar enquanto boto a culpa na cebola se alguém vier me perguntar o porquê.  Às vezes, quando as criancas entram na cozinha num bom momento, eu ainda estou rindo, entao eu danco um segundinho com elas e volto pras panelas, e elas ficam por ali, beliscam a comida, sentam num banquinho e conversamos. Muitas vezes elas odeiam as músicas que ouco, querem que eu conheca as delas... e aí é hora...

Na Alemanha tem forró?

E num é que tem mermo, bichinha?! Tem, é claro e com direito a cursinho básico  e grátis, antes de comecar, pra tentar fazer os alemaes soltarem os quadris... To parafraseando a Mel do Na Alemanha tem ...? Mas a verdade é que o forró é brasileiro, claro, e a grande maioria do povo é da terrinha. Existe um grupo de brasileiros que se reúnem em um restaurante aqui na minha cidade. O povo chega e o restaurante ainda está funcionando. As pessoas na mesa, comecam a olhar  aquele povo moreno entrando e procurando saber onde é o forró. Devagar eles vao saindo, depois do jantar. Alguns mostram interesse em permanecer ali, pra saber o que vai afinal acontecer. Mas eles vao saindo, afinal foram pra o restaurante comer e nao dancar. Entao o povo moreno recebe uma cachacinha de boas vindas chamada Madalena, nao, a moca se enganou, chamada Gabriela, que é uó! Mas já deixa o povo moreno aceso. As pessoas vao chegando e devagar vai lotando o lugar, as luzes já diminuiram e já há  u...

Foundue, frio, histórias, saudades

A primeira vez que comi fondue foi no sul do Brasil. Era a minha primeira viagem na vida. Eu já tinha 18 anos e  nunca havia saído de Manaus.   Lá vou eu pro sul do país, fui de aviao, de Varig, óia! Saí de uma Manaus fervendo em julho, 36 graus na sombra. E cheguei em Porto Alegre com um sol bonito lá fora, da janelinha do aviao. Desco toda contente pra abracar minha irma que me aguarda e aí, que diaxo é isso?? 5 graus!! Ninguém havia me avisado que dentro do mesmo país, podia haver tanta mudanca de temperatura ... Novo Hamburgo onde fiquei, zero grau à noite. E sabe como eu andava? Só de jaqueta jeans. Porque nao tinha nem nocao de como me vestir pra aquele inverno. Amei o Rio Grande do Sul sabe? Gente bonita, elegante. Vivia grudada no chimarrao, comíamos beeeeeeem. Além das churrascarias, que sao uma grande tentacao e dos bailoes em Novo Hamburgo e Sao Leopoldo, o que eu adorei foi comer fondue. A segunda vez que comi fondue foi em Ouro Preto- MG. Na part...

Da alegria de dancar salsa e encontrar brasileiros no exterior

Ontem o comentário da Paulette me fez pensar no fato que ela disse: ... Sobre os quitutes brazucas na lojinha: ai, só qdo a gente tá fora do nosso amado Brasil é que sentimos falta, né? Qdo vou na lojinha daqui tbém arraso com guaraná, coxinha e outros produtos pra culinária. Meu marido fica encantado com minha alegria qdo vou lá. É bem assim mesmo, com algumas exceçoes (e eu já vivi duas muito chatas exceçoes!) encontrar brasileiros quando se mora no exterior é sempre muito gostoso. É como estar num planeta diferente do seu e de de repente, se perceber  de volta, num segundo. Com um sorriso, muitas gargalhadas, toque no braço, às vezes beijinhos e abraços. É assim encontrar brasileiros gente boa por aqui. Como eu disse, nem sempre é assim... Uma das exceçoes que mais me marcou foi conhecer uma moça que meu marido sempre falava que eu iria gostar ao chegar aqui, e ao chegar, ela me esnobou tanto, que nem te conto... Mas isso é passado. O comentário da Paulette me ...

Carta a uma amiga

Aqui, hoje, 4 anos depois. Querida amiga Keury, espero que esta te encontre bem. Bem disposta, com saúde. Tu deve estar estranhando uma carta por aqui, e nao uma que chega pelo correio ou via email. É que eu, apesar de amar enviar cartas e emails longos, já nao tenho mais tanto tempo pra escrever como antes e vi pelo teu último email certa urgência em te responder. Poxa amiga, também sinto tanta saudade de todos vocês aí. Tuas palavras me fizeram fechar os olhos e por uns minutos, estar de volta. Sabe, nao sei se já te falei isso, mas os tempos que passei com vocês, foram os mais divertidos da minha vida. Foi a primeira vez que me senti unida a amigas  que eram como irmas pra mim, foram os tempos mais alegres e divertidos desde o tempo que morava na vila militar e tinha 11 anos e grandes amiguinhos. Mas eu tinha 11 anos!! Com vocês, eu já era mae de dois filhos, tinha um marido rabugento, parado a facul, voltado a facul, altas dificuldades.... mas tinha vocês K...

Lembrando da magia do Amazonas

Lendo um texto maravilhoso da Carla , me lembrei de um momento mágico no meu estado, o Amazonas. Sou eng. florestal de profissao, apesar de nao trabalhar mais na área. Logo depois de formada (finalmente formada, depois de MUITA luta) fui trabalhar a convite de um amigo no IBAMA numa pequena cidade a 300Km de Manaus. Fiquei três meses lá e foram um dos três meses mais bacanas que já vivi. Ia sempre para as comunidades ribeirinhas, pegávamos barcos e íamos viajando horas até certo vilarejo pra orientar as pessoas sobre pescas proibidas, desmatamento, ajudá-los a ver a floresta de uma outra maneira, enfim, muitas atividades ricas e gratificantes. Havia sempre uma troca e isso só me fazia enriquecer como profissional,  afinal um profissional nao é aquele que só enxerga o lado técnico das coisas, mas que aprende com os mais velhos e experientes. Principalmente na nossa área, a experiência desse povo é fundamental pra um engenheiro entender de fato o movimento da floresta. Num...

Sentindo falta de alguém

Ontem ao falar com minha mae ao telefone lembrei de que hoje era dia dos finados. Ela estava falando que iria participar hoje bem cedinho de uma missa, onde leria algo na celebracao que seria realizada no cemitério perto da casa dela. Falou que tinha ido semana passada limpar a sepultura da minha vó, pintar e colocar flores como faz sempre. Na hora tive que segurar as lágrimas pra minha mae nao pensar que eu estava triste, nao tenho a menor vontade de deixar minha mae pensar que estou triste tendo um oceano de distância entre nós e ela nao poder fazer nada. Mas o fato é que eu fiquei triste e fiz esforco grande pra nao chorar. Como nao chorar lembrando que aquele cemitério guarda os restos da pessoa mais importante na minha vida, na minha rica infância?????? Quem mais coloriu, recheou de amor e ternura a minha vida de menina??? Quem mais me caprichou e  me embelezou sendo eu a mais feia da família??? Quem mais me acarinhou, me preencheu, me alegrou, me animou, me vestiu, me fez ...

Triiimmm, alô, vovó?! É a Pinguinho!

Hoje o dia tava querendo ser um pouco tristinho. O carteiro já veio aqui em casa e só trouxe cartas normais. Todo dia elas vêm. Queria falar pra ele fazer chegar o que mandei... Mas não chega o que eu quero que chegue, nem lá nem aqui... De qualquer maneira, o dia amanheceu branco, e me alegrou. Porque acordar e ver a paisagem pela sua janela totalmente mudada, pro bem! É uma benção. É como se fosse um presente do ćeu. Ontem nevou o dia todo, mas como onde moramos, neva pouco, e não é tão frio como em outras regiões da "Deutschland," a neve não se acumula tanto, só, é claro,no alto das montanhas. Mas ainda é lindo de ver o branquinho caindo do céu, em forma de floquinhos leves e branquinhos e o dia fica tão claro!! E a tristezinha que queria se instalar foi embora... Mas aí, de novo, tava organizando algumas fotos da semana passada, quando estivemos no museu da eletricidade e lembrei que lembrei de lembrar da minha avó... e até da dona Benta, do Sítio do Pic...

Eu sou uma menina muito, muito feliz!

Outro dia, comentei que estava muito feliz e que aquele dia era um dos dias mais felizes da minha vida adulta! Não era apenas exagero meu. Como a Angie pediu pra eu falar quando desse, hoje dá :) * * * Há muito tempo existe o Orkut, né? Eu sempre evitei, com todas as minhas forças criar uma conta ali. Todo mundo me convidava a entrar, e eu sempre evitei. Recebi muitos convites quando isso começou no Brasil e todos eu evitava. A razão, não sei, mas nunca tive vontade de ter. Há poucos meses minha irmã Núbia criou uma conta pra mim e me enviou os meus dados por email. Meu computador tava uma droga aqueles dias e eu nem tentava entrar. Até que um dia alguém lá da casa da minha mãe falou: "deixa de ser boba Nina, aquilo não tem perigo algum e você pode tentar encontrar os teus amigos". Então,isso só se juntou aos insistentes pedidos da Laura pra também poder usar o Orkut, e baixei a guarda. E entrei. Confesso que não sou muito fã daquilo não. Mas também não é tão ruim...

Pedacos de retalho

Como muitas vovós, minha avó também costurava. Ela tinha aquelas Singer velhinhas, que não era elétrica e tinha o pedal onde a minha velhinha fazia sua ginástica diária. Eu adorava ficar na casinha dela. Lá tinha também cheiro de café com leite, como na casa da vó da Flor , tinha cheiro de sopa e acaí pela casa também, tinha várias bolinhas coloridas espetadas numa esponjinha, tinha pedacos de pano espalhados, tinha uma netinha apaixonada que observava curiosa uma vovó muito agradável, costurando baby dolls para as netinhas. Tinha na sala dela, várias almofadas com capa de crochê e cetim em cima do sofá, e tinha esse sofá velho, de couro e tinha ainda tinta lascada na madeira da casa da vovó. Tinha um cemitério, lá longe, que eu podia ver da janela. Tinha por toda a casa, um cheiro de vovó e na penteadeira do quarto dela tinha uns perfumes de alfazema, e uns sabonetes coloridos. Tinha na penteadeira também umas notas de um dinheiro muito antigo, que já não valiam nada, e eu pe...

Coisas de Manaus

Eu não sou muito patriota não, sabe?? Mas amo muito meu país, amo muito meu Estado. Isso não me faz cega aos problemas enormes que eles possuem, mas que de vez em quando bate um orgulho danado de ser dali, ahhh, isso sim... Porque ser amazonense é isso e mais um pouquinho: *" Poder ir pro Caribe de carro" apesar de as estradas nao serem coisa mt boa ; * "Quando marcamos um encontro no 'shopping' não precisamos dizer qual é, porque aqui só tem um mesmo...[Agora temos um monte, mas o melhor continua sendo o mesmo]"; * "Não ter que analisar muito os candidatos ao governo, porque são sempre os mesmos"; * "Não se sentir só numas férias em Fortaleza, porque todo mundo que tá lá nas férias veio de Manaus" amazonense que é bom, adora Fortaleza e Rio de Janeiro ; * "Ter um Teatro lindo! apesar de que 99% da população nunca o tenha visitado"; * "Comer Jaraqui ( um peixe ) (e agora inventaram até sanduíche de Jaraqui!! ...