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Livros antigos

Eu estava lendo no Fio de Ariadne, da Vanessa, um texto que me levou de volta ao passado, pra variar, já que tudo me leva ao passado, que é um lugarzinho bom pra se visitar de vez em quando. O texto falava de uma foto encontrada num livro...

Quando eu era mais nova, enquanto minhas irmãs iam pras festas, todas arrumadas e maquiadas, com seus muitos amigos que iam buscá-las animados, eu ficava em casa, com minha timidez absurda. Os amigos das minhas irmãs me olhavam lá de fora e deviam pensar que eu era a mais acanhada das criaturas, bichinho do mato mesmo... não que eu não tenha saído pras festas, saí sim, mas isso quando fiquei mais velha, lá pelos meus 16, 17 eu não parava em casa, mas ainda assim, bem menos que minhas duas irmãs...
Mas com 12 anos (quando entrei nesse mundo maravilhoso da leitura e conheci o livro da minha vida "O Meu Pé de Laranja Lima" , O Menino do Dedo Verde, O Pequeno Príncipe (nossa! só livros de meninos...) até os meus 16, o que eu mais gostava de fazer, era ler. Quando elas saiam pras suas festas, seus sambas, seus forrós, a minha mãe dizia meio triste por ter uma filha tão paradinha: "Vai minha filha, saia com sua irmãs", eu dizia que preferia ir pro meu quarto ler.
Meus livros estavam todos lá, tinha de tudo um pouco, o meu quarto, sempre dividido com dois dos cinco filhos, era meu refúgio. Quando os outros donos do quarto não estavam, eu ficava lá e esquecia do mundo lá fora. Os livros me acompanhavam em grandes aventuras.
Às vezes, eu marcava as páginas com fotos e quando terminava de ler, deixava as fotos no livro, que ficava guardado... era muito comum, depois de um bom tempo, pegar esse mesmo livro e rever as palavras e mais legal ainda, era rever a foto. Quando não tinha foto, tinha sempre uma flor seca que eu pegava por ali.
Os livros envelhecidos sempre foram meus preferidos, eu adorava, quando mais velha, ir aos sebos da cidade, passava horas ali ouvindo discos antigos, e foi assim que aprendi a gostar do que outras pessoas na minha idade não gostavam, por exemplo, da maravilhosa Billie Holiday. Enquanto eu ouvia os discos antigos ia abrindo os livros que encontrava nas prateleiras, cheirando os livros velhos :)
Um dia comprei um, Madame Bovary, um livro que pertenceu a alguém tão antigo, assinado há anos por alguém que provavelmente já havia partido dessa vida.. tão bonita a sensação! O cheiro dos livros usados, a ideia de que ele pertenceu a alguém, que como eu, viajou nas letras, naquela mistura de letras que juntas, são capazes de criar coisas extraordinárias. Não é incrível pensar nisso?? Um livro é capaz de te fazer viajar sem sair do lugar. E um livro antigo, ooohhh, eu gosto até de espirrar quando eles são bem velhos, podrinhos mesmo...
Na faculdade, certa vez, a biblioteca colocou vários livros no chão, pra quem quisesse levar já que os pobres estavam muito velhos (eu achei aquilo um absurdo!!!) mas o povo passava e devia achar bem estranho que o pai dos meus filhos e eu, estivéssemos lá, atirados nos meio dos livros caindo aos pedaços, cheios de traças, mas a gente nem se importava. O fato é que levamos pra casa livros enormes, com gravuras impressionantes de guerra, na França, por exemplo, livros de 1800 e tralálálá e muitos ainda num idioma que não entendíamos... ficamos tão orgulhosos de nossas aquisições.

Ahhh como é boa a sensação de ter um livro velho na mão...


Comentários

  1. ô, Nina!

    que legal esse texto! Eu também fui essa menina que viva lendo pelos cantos... E meu primeiro amor literário foi Música ao Longe. Quase que minha filha se chamou Clarissa.
    Engraçado, eu estou trabalhando no texto novo para o blog e também fala de livros...

    beijos grandes para vc e muito obrigada pela mensagem que me deixou!

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  2. Nós e nossa irmandade heheh... tive uma história assim também e amo livros que já tiveram donos.
    Livro é o único objeto que não consigo me desapegar. Tenho uma resolução que se dentro de um ano não usei aquela roupa ou aquele sapato e sinal de que não preciso e faço uma doação, agora livros não consigo. :-)
    Beijos!

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  3. Oi, querida!
    Que saudade d'ocê. Ando tão preguiçosa pra blog, mas quando vejo vc lá na minha janela, não resisto a vir aqui.

    Tambem li muito quando criança. Desde os 9 anos. Começei por Monteiro Lobato. Amava. Mais moçinha, aos 12, conheci Pollyana, menina, moça e mulher. Foi a leitura mais tocante para mim na época. Eu vivia praticando O jogo do contente. Queria mesmo enxergar só as coisas boas da vida, igual ela. Depois, aos 13, comecei a entrar em leituras mais adultas, super escondidas. Lia todos dos Sidney Sheldon, li Christiane F. que foi uma leitura muito forte pra minha idade. Todos de Danielle Steel, que nem lembro mais como escreve o nome dela. Nunca mais a li. Outro que me marcou foi Feliz Ano Velho. Adorei confissoes de adolescente. E foram tantos. Esses que eu citei me marcaram muito. Apesar de te-los lido uma vez só, e ha mais de 20 anos atrás, ainda lembro de todas as historias. Isso é bom, né?

    beijoooooo

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  4. Nina, temos coisas em comum..os livros....Nucna fui de sair...mas de se pendurar em livros sem fim....
    Ai que saudades, Nina..vou chorar de saudades da minha infancia....

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  5. Nina,
    O efeito que a leitura tem na vida da gente é impressionante. Nos transporta, nos eleva, nos deixa mais abertas para outras interpretações de realidades, traz cultura, riqueza... Eu também sou super fã de leitura, e até já comentei num blog sobre um papo que tive com Ziraldo, ele mencionou Madame Bovary como o clássico dos clássicos, e eu acabei concordando! Flaubert demorou 3 anos pra escrever o livro, tinha quer ser bom mesmo!
    Bjs e uma semana cheia de leitura interessante!!!
    Márcia

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  6. Nina,
    Corrigi o link do orkut. Tente novamente, please? Tentei procurar Nina Rosa mas tem um montão sem fim...você sabia disso? Eu não imaginava que tivesse tanta Nina Rosa neste mundo!
    Sobre o post:
    Outro dia uma amiga do blog, que vive em Brusque, me mando um exemplar muito, muito antigo de E o vento levou. Está bem velhinho, é de 1954. Imagine o amor que tenho neste livro. Li em uma semana, e olhe qye o livro é imenso...
    A quem terá pertencido? Quem tê-lo-á comprado? Emocionou a qual pessoa?
    Teu post me fez pensar...
    Beijos, querida.

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  7. Nina, bom e ler o que escreves... Gosto muito qdo colocas o teu "ooohhh". Taaaaao bonitinho!

    Mas Nina, quao rica pode ser a infancia de uma crianca que le, nao e? O livro da minha vida e A Historia Sem Fim, uma fabula que ate ja virou filme. Mas logo, logo passei a gostar de Sidney Sheldom e seus romances. Depois, por influencia de minha amada tia, devorava livros de "psicologia", tipo Marina Colassanti, Leo Buscaglia e Roberto Shiashink. Deste ultimo, o livro Amar Pode dar Certo, foi um marco pra mim. Acho que foi qdo deixei de ser menina e virei mulher.
    Beijo.
    ps: desculpa a falta de acentuacao. e q estou digitando do celular...

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  8. O livro da minha infância foi " O dia em que o sol sumiu" foi o primeiro que li todo (hoje em dia não passo do 1 capitulo rsrsr) Outro que li tambem foi o Meu Eucalipto. Agora esse ai do pe de laranja eu nunca li , mas ta em tempo ainda rsrsrrs Eu to com uma caixa aqui cheinha de livros , minha mãe ja quis se ver livre deles faz tempo, eu é que não deixo, um dia eu compro uma estante pra eles.
    Um abraço !

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  9. Só quem lê bem pode escrever tão bem, já dizia meu avô, ele era um grande leitor, aprendi com ele a ler e a escrever e lendo o que você escreve, vejo que o vô estava certo.

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  10. Nina,
    Eu tb amo livros velhos, mas os podrinhos, que fazem a gente espirrar... não dá, não!!! Herdamos, eu e meu pai, de meu avõ um montão de livros, entre eles uns bem podrinhos. Tento tanto lê-los, mas não consigo. Madame Bovary é um exemplo. Tô precisando comprar esse livro pra terminar de lê-lo.
    P.S. Só vc com um post sobre livros pra me fazer comentar hj. Tô com uma preguiça...
    Bjos e já disse uma vez q adoro teu blog...

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  11. Eu costumo dizer que quero montar um "ASILO DE LIVROS", ou "ORFANATO DE LIVROS"

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  12. Tem convite pra um meme la no Fiona.

    beijooo

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  13. Nininha, volto amanhã para ler tudo e comentar sobre os moçoilos abaixo:)

    Beijins:*

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  14. olá !
    passei primeiramente para visitar seu blog...
    e disser que tambem amo ler...
    é muitoo BOM *
    bjs
    ysa

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  15. A doida aqui leu todos e comentou no outro post..rsrsrsrsrsr...

    Beijo!!!!!

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  16. gostaria de saber se voces podem me ajudar a encontrar um livro antigo é de 1966 ou 1968, chama primavera não volta mais nao me lembro o nome da escritora, loi comprado na bahia

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