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Atenção ao outro

Meu marido sempre está com o celular na mão. Ele é aquele tipo de pessoa que caminha pela rua olhando o celular e que consulta absolutamente tudo no google. E quando está em casa, sempre está assistindo TV. O contrário de mim, que detesto televisão, desde meus vinte e dois anos, quando decidi que iria parar de ver novela ao notar que elas estavam atrapalhando meus estudos; e celular, dou uma olhada no máximo umas quatro vezes ao dia e nunca passo muito tempo com ele. Já meus sogros adoram ver televisão e há pouco mais de dois meses, compraram finalmente um smartphone e estão curtindo a nova tecnologia - logo eles que sempre foram contra a ideia de ter um.
Por que estou falando isso? Porque estávamos com eles esses dias depois do Natal e sempre acho lindo como eles dois, ambos com setenta e quatro anos, lidam com essas coisas quando estamos hospedados na sua casa. A TV, que eles são apaixonados, nunca é ligada quando os visitamos. Nunca! E eles nem encostam no celular. Se surge alguma dúvida no meio de uma convera, eles ainda se levantam para buscar as informacoes naquela enciclopédia enorme que eles ainda guardam na estante. Passam o tempo todo nos dando atenção. Quer seja fazendo as coisas na cozinha, ou no jardim, levando as crianças para passear, mesmo que esteja fazendo um frio de lascar lá fora, ou brincando de jogos de tabuleiro, fazendo algo na oficina com as criancas, lendo um livro para elas, observando os pássaros com binóculo, ouvindo cançoes antigas nos LPs, e com a gente, conversando sobre  a vida, sobre os planos, se informando como estão as criancas na escola, ou perguntando como eles podem nos ajudar em algo. Nos sentamos todos para comer juntos em todas as refeicoes, e depois de comer, jogamos baralho com Pedro e conversamos mais um bocado, também com a querida bisavó das crianças, que tem noventa e cinco anos, que ainda mora sozinha e vai nos ver na casa do filho.
E assim é em todas as visitas que fazemos a eles durante o ano, onde cada uma dura em média uns quatro dias.
Eles se planejam para nos receber, fazem todas as compras necessárias antecipadamente, para nao terem que sair em hora inapropriada, nos deixando sozinhos. Planejam a comida, e muita coisa, minha sogra já prepara antes e congela, para nao passar muito tempo enfurnada na cozinha, longe da gente. A casa está sempre limpa, bem cuidada, com um clima de tranquilidade no ar. Eles demonstram um grande afeto ao nos receber. Cada visita nossa para eles é como um presente. Mas na  verdade, somos nós que nos sentimos presenteados por eles, que nos ofertam tanta atenção e zelo.

Meus sogros entendem o que muita gente hoje em dia parece ter esquecido: pessoas sao mais importantes que coisas. E momentos agradáveis em família sao os que ficam na memória da gente, nos fazendo entender o que é pertencimento.

E é isso o que desejo para você no novo ano, sabe? Que você pare quando conversar com alguém, dando atenção à pessoa! Que você saiba demonstrar afeto àqueles que lhe são importantes. Que você ouça o que lhe está sendo dito e não apenas faça de conta que está ouvindo. Que coloque o celular de lado e olhe nos olhos do seu interlocutor enquanto conversam. De verdade! Que você entenda que tudo passa e que um dia, quando você menos esperar, aquela pessoa pode já não estar mais ali, diante de você; e que tristeza você sentirá por nao ter dado atenção a ela quando podia...
          
Então, em 2020, olhe de verdade para as pessoas. E ore por elas.
Já que atenção, oração e sua presença, são grandes coisas sim, para os que te amam.

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