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Um congestionamento agradável

Estávamos uns dias na praia, numa pequena cidade da Itália chamada Rimini. Para chegar até lá, precisamos passar pela Suiça, que é o país que nos liga a Itália. A viagem sempre é linda através da Suiça, porque há montanhas para todo lado, lagos incríveis e muito verde! Passar pelos alpes, que mesmo com as temperaturas altas desta primavera, sempre estão cobertos de neve, é de uma beleza indescritível. 




Na volta para casa, fizemos o mesmo trajeto, mas quando já estávamos fora da Itália, já na Suiça novamente, havia um congestinamento enorme a nossa frente. Marido já começou a reclamar, porque certamente, ficaríamos parados ali por muito tempo. 


Aproveitei para amamentar o bebê, o que nunca faço com o carro em movimento. Pedrinho foi ao "banheiro" in natura e as pessoas começaram a sair de seus carros com cara feia. Ficar dentro deles seria impossível, pois estava fazendo vinte e nove  graus, com muito sol! Mas não precisei esperar muito para ver pessoas rindo, comendo seus sanduiches ou frutas, aproveitando pra organizar seus porta malas lotados de coisas da praia, fazendo fotos do lugar incrível e crianças brincando de bola e raquetes,  na rua do lado, que também estava interditada, mas sem carro algum, pois era uma via por onde só passam os transportes de emergência. As montanhas ao redor da estrada, tocavam com  suas pontas brancas, as nuvens, e o céu estava vestido de um lindo azul. Havia flores em algumas árvores e as folhas destas eram de um verde muito vivo. O riso das crianças e suas conversas enquanto brincavam, completavam como uma agradável melodia no ar, a beleza daquela inusitada cena.  

Nao é impressionante como somos acostumados a reclamar de tudo, sem nem mesmo esperar um pouco pra ver o que  vai acontecer?! Antes, quando meu marido parou o carro, já foi me avisando que aquilo tinha jeito de que ia durar muitas horas. Ficou olhando as notícias sem cessar no celular, e parecia nervoso o tempo todo. Eu, acostumada que sou com seu jeito, nem liguei, nem falei nada, fiquei apenas, quieta no meu canto, observando a vivacidade do bebê no meu colo. 
Tenho a impressão de que isso o incomoda. Ele precisa que eu reclame com ele, para não se sentir sozinho na sua rabugice, mas se eu reclamo, sei muito bem, que ele também não vai gostar nadinha e que será ainda pior.
O casamento me ensina que precisamos ficar ao lado dos nossos maridos, sim, e a compreender suas razoes pra sairem do normal, mas nao a fazer parte do seu mal humor! Porque, caso contrário, a situacao fica insustentável.

Todas as fotos foram feitas antes do congestionamento

 
Bom, pra terminar a história, não ficamos ali mais de uma hora! Creio que tudo durou cerca de quarenta e cinco minutos. Tudo resolvido! Os carros recomeçaram a andar lá na frente, aqui as portas iam novamente se fechando, cada família entrando nos seus carros, e vrummm... recomeçamos a viagem. O bebê alimentado, Pedro de bexiga vazia, marido tranquilo e eu pensativa. 
Alguns poucos metros depois,  vimos a razão do congestionamento: um pequeno acidente com dois carros. Nada grave, mas...

- Veja,  podia ser pior - falei ao marido. - Poderia ter sido com a gente. - Ele concordou.

Tenho aprendido nesse tempo que ando com o Senhor, a aceitar as situacoes que surgem na minha vida, e a não me deixar dominar pela ansiedade. Nem sempre é fácil conter esse sentimento horrível, que nos corrói, mas, francamente,  de que adianta reclamar? Vai mudar alguma coisa na vida da gente?
A verdade sobre a ansiedade, é o que podemos ler em Lucas 12: "Quem de vós, por mais ansioso que possa estar, é capaz de prolongar, por um pouco que seja, a duração da sua vida? Considerando que vós não podeis fazer nada em relação às pequenas coisas da vida, por que vos preocupais com todas as outras?" 

É assim que penso andar por estas ruas da vida, sabe? Grata, apesar das dificuldades da viagem ;-) 


Comentários

  1. Nunca vi uma paisagem tão deslumbrante quanto esta que "visualizei" com sua descrição. Minha mãe também sente necessidade que eu reclame com ela dos vizinhos, das greves, da política... Mas eu acabo por desapontá-la! O que não me impede de reclamar de outras coisas infelizmente. Um dia chego lá!

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    1. Oi Cami, engracado isso, ne? As pessoas reclamam quando reclamamos, mas se nao reclamamos, elas reclamam também... Vai entender ;-)

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  2. Oi querida
    estive nesta via na primavera e vi outra paisagem, mas ouvi dizer que é lindo. Sua postura madura só tende a evoluir o que é muito bom para a qualidade relacional.

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    1. Oi Norminha!!
      Entao, estamos na primavera tbm, mas as fotos aqui sao numa parte que precisamos passar pelos alpes, lá, as montanhas estao sempre nevadas, em qualquer época do ano.

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  3. Olá Nina! Gosto muito das suas narrativas!
    Deus que É Soberano continue te abençoando vc e sua família em nome de Jesus Cristo nosso único Senhor e Salvador!

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    1. Oi Sandra, mt obrigada querida! Que o Senhor te guarde tbm.

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  4. É verdade isso, Nina, devemos ser gratas pelas nossas vidas apesar das adversidades. Entro pouco aqui, mas fico sempre muito contente quando encontro um texto seu. Beijinhos

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  5. Que bela história, me fez lembrar uma viagem que fiz com minha família quando tinha 15 anos. Atravessamos a cordilheira dos Andes de carro para o Chile, quando chegamos na fronteira ela estava fechada e tivemos que dormir dentro do carro, apesar de ser verão, de noite o frio era terrível, mesmo assim meu pai era um homem que tinha um autocontrole incrível, por mais difícil que estivesse a situação, ele nos transmitia calma. Talvez por isso sinto tanta falta dele, sou muito ansiosa, sempre desabafava com ele e ele me aconselhava. Hoje não tenho mais meu pai do meu lado, mas tenho meu Pai Celestial e estou aprendendo a confiar Nele e que tudo coopera para nosso bem. Beijos no seu coração.

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