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Quando me enganei com relacao a Deus

Quando eu era mais jovem e alguém vinha falar de Deus pra mim, tinha duas reacoes principais: uma era pensar que quando fosse mais velha, resolveria esse problema, a outra era um forte medo de ser crente. Eu tinha horror em pensar na seguinte cena: eu sofreria um acidente, ou qualquer coisa que me deixasse à beira da morte. Entao, naquele momento em que eu estivesse morrendo, já com os batimentos cardíacos diminuindo, vinha alguém perguntar se eu aceitava Jesus como meu salvador. Eu diria - claro que aceito, afinal, to à beira da morte, já vivi o que tinha que viver, já enchi a cara, já vomitei muito em bares, já fui a baladas, já namorei muito, já fiz o que quis, Deus nao vai mais atrapalhar minha vida.-  Aí tá. Pronto. Aceitei e tals. Passados alguns dias, alguma coisa acontece e nao morro. E agora? To ferrada! Disse que aceitava Jesus e nao morri. Putz! Por que disse aquilo? A verdade é que eu ligava Deus a obrigacao.

Eu tinha pavor de ser crente. Paaaaavoooor! Acho que fiquei muito traumatizada com os crentes que encontrei pelo caminho. Sempre achei aquelas pessoinhas fora do normal. Eram pessoas que em sua maioria, viviam debaixo de muitas regrinhas que eu nao entendia: como podem viver sob tal jugo pesado? Achava os crentes meio burros: como podem ler só a Bíblia? Como conseguem nao sair à noite pra beber e dancar nas boates nos fins de semana? E essas roupas longas? Esses cabelos? E esse lance de andar com Bíblia debaixo do braco pra cima e pra baixo? 

Daí, teve uma época que eu, desesperada que estava com a vida que tinha, fui a uma igreja. Eu era uma pessoa meio espiritualizada, que procurava muito. Tinha medo de ser crente, mas tinha uma certa fezinha em Deus. Orava à noite, procurava fazer bem às pessoas, ouvia com respeito as coisas de Deus, nao blasfemava, tinha respeito, enfim, mas nao queria de modo algum, ser crente. Era muito chato! Mas também nao era só ligada ao Deus que ouvia minha família falar, lia livros de autoajuda e espiritualidade oriental, vivia repetindo mantras, me olhava no espelho repetindo palavras de incentivo, fazia meditacao, jurava que ia mudar nisso ou naquilo, tinha uma forte tendência a crer no espiritismo, e só nao ia a macumbeiras, porque isso ia muito contra a crenca obtida numa infância cheia de ler os salmos que as tias tinham abertos na sala. 
Mas a vida depois de casada, apertou de tal modo minha situacao, que fui a uma  dessas igrejas pentecostais. Nas primeiras reunioes fiquei assustada, era muita movimentacao ali, muita paixao, muita gritaria, mas como eu queria acreditar que Deus me daria alguma coisa, insisti. Fiquei indo por uns dois anos. Eu gostava, sabe? Gostava dos cânticos de louvor. E gostava da forma que eles me ensinaram a falar com Deus, nao era mais como uma repeticao, como fazia com minhas rezinhas bestas ao dormir ou meus mantras idiotas, nao era nada automático, era somente abrir a boca. Mas ao mesmo tempo que eu gostava de algumas coisas, detestava outras. Aqueles "pastores" só falavam em dinheiro. Volta e meia, rolava o papo de ofertas, de campanhas disso ou daquilo, eu tinha até medo quando eles anunciavam uma campanha nova, onde quem ofertasse mais dentro de um envelope pessoal, seria mais abencoado por Deus. E ainda tinha junto a isso, a busca pelo batismo do Espírito Santo. Parecia mais uma concorrência pra saber quem era o maior sortudo da parada. Aquele que falasse com a língua mais enrolada, sairia o vencedor. Eu nem cuidava de mim, mas dos outros ao meu lado, "puxa, olha só esse aí, tá cheio do Espírito, coitada de mim". Aquele, com certeza, teria o carrao mais bonito no estacionamento enorme da igreja, a casa mais linda, tinha feito as viagens mais incríveis e era certamente, o empresário mais bem sucedido. Aliás, todo mundo ali queria ser empresário!

Mas entao, eu notei um dia, que aquilo que me atraiu àquela igreja, era exatamente o que estava me expulsando dali. O dinheiro!  Mas isso só vi de uns tempos pra cá. Naquela época, nao queria Deus, eu queria o que Ele tinha pra me dar. Nada mais que isso. Nem certa eu estava de querer Deus vivendo em mim, me enganei por um tempo, mas mesmo que me permitisse chorar nos louvores movida pela emocao - que essas igrejas costumam fazer com a gente: já notou como a música sempre toca nos momentos mais importantes, como gritar com Deus ou ofertar?), fazer ofertas grandes, que na época, me eram muito difíceis, implorar pra receber o Espírito  Santo, nada daquilo era real em mim. Nao queria Deus, assim como nao O queria quando mais jovem. Queria somente, o que Ele tinha pra me dar. E sabe que Ele, mesmo assim, me deu? Nossa vida financeira deu nessa época uma, muito  leve, guinada. Mas nada mudou no meu interior. Eu continuava fugindo de Deus. 

E saí daquela igreja pra nunca mais voltar. 

Uma coisa muito estranha, é que hoje eu sei que  mesmo que buscasse o Espirito Santo de Deus, eu nao O tinha. Porque eu era uma interesseira! E só notei isso há pouco tempo. Quando você nao crê de fato em Deus, a Bíblia é um livro totalmente fechado pra você. Nao há como entender o que diz ali, porque o entender vem de Deus, é Ele quem abre nossos olhos para Sua Palavra. Naquela época, eu lia a Biblia, mas nunca entendi nada, nunca ficou NADA gravado em mim, porque eu fazia aquilo forcada. Pra você ter uma ideia, da minha grande burrice espiritual, eu entendia o faz de mim "um vaso novo" como um vaso sanitário! Isso nao é um absurdo??? Ficava pensando em mim como sendo um vaso sanitário! Meu Deus, que louca! Pensando melhor, agora, talvez estivesse até correta a minha percepcao de mim mesma, eu era um monte de m*

Hoje, sou crente, sou crista, com o maior orgulho e amor que você possa imaginar! E adivinha? Leio a Bíblia e livros cristaos totalmente fascinada, porque a Palavra de Deus é cheia de vida. Hoje entendo o que é ser cristao e é bem diferente daquilo que imaginei. É ter Deus, ter o Espírito Santo, habitando dentro da gente, para sempre, nao como um hóspede, mas como um morador definitivo. É sentir seu toque em cada situacao, em cada ambiente. É andar em total e plena comunhao com Ele. Saber que sua vida nao lhe pertence e ficar muito feliz por isso. Saber que cada passo seu, será dirigido por esse Deus, que te cuida e te guarda. É nao ter medo do futuro. Que mesmo que você esteja doente, pobre, nao tenha tudo aquilo que deseja, sabe que Deus te dá o que você precisa, e que nada dessa matéria que você vê a sua volta, tem valor realmente, porque se Deus habita em ti, há plenitude de amor, de preenchimento na sua alma. E você passa a ver que já nao precisa de muita coisa que achava que precisava. Vazio é coisa do passado, porque você sente teu ser expandir, com uma pulsacao incrível dentro de ti. E que é um preenchimento tao completo, que nada, ninguém neste mundo pode te dar, a nao ser esse Deus MARAVILHOSO que te escolheu muito antes de você ter nascido. Que sabia de ti muito antes de você nascer. Que te ama e te chama. Que está do teu lado, sussurrando baixinho  e serenamente o teu nome.  Esse é o Deus que me ensinou a enxergá-lo de verdade. 

E como sou grata por ter sido escolhida. Quanto privilégio! Me sinto a mais rica das criaturas.  

Comentários

  1. lindo seu testemunho menina......quando procuramos, nós achamos porque ele se mostra.....tb tenho testemunho da existência de um Deus de amor, que me ama e permanece comigo......
    Seu texto foi gostoso,serio e divertido.....vc mostra que pessoas comuns podem encontrar com esse ser de LUZ e isso é o mais importante...todos temos passado de aprendizado que não nos orgulhamos, afinal Jesus Cristo foi um só....o importante é fazer o que vc fez....procurar e não desistir......muito bom...beijokas querida

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  2. Gosto muito de como voce escreve, gosto de todos os seus posts, de como voce conta suas esperiencias, mas ultimalmente seus posts com suas experiencias espirituais tem sido maravilhosos. Acho bem revigorante para quem le, pois e verdadeiro, do coracao. Mesmo com a parte do vaso sanitario... kkkkkk Tu e comedia demaisss!!!!

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  3. Falou tudo, Nina.
    Estou sem palavras.
    É assim que O amo, tb. O parágrafo final me tocou, ao ponto de lágrimas aflorarem.
    Receba meu abraço.

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  4. Nossa Nina, você abriu o seu coração mesmo, né? Conseguiu relatar em um post toda a sua historia de fe, parabéns pelo post e por ter conseguido encontrar o que te faz feliz!!
    Kkk...adorei os seus comentários la no blog!
    Bjks

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  5. Ahhh...e adorei a parte do vaso...kkk

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  6. Lindo demais mana! maravilhoso poder falar de Deus1 Amém!

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  7. Ah! como estava com saudades de ler seus posts emocionados e cheios de emoção é como se eu tivesse bem pertinho ai te ouvindo falar!! que bom que esse Deus maravilhoso te fez um "vaso novo" em todos os sentidos.
    beijos e até mais !!

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  8. Amei sua experiência! Só fiquei curiosa pra saber como aconteceu o seu despertar para a verdadeira essência de Deus e como faço para curtir e compartilhar este texto no facebook. abs!!!

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  9. Daniela, meu blog nao aceita alguns botoes de compartilhamento, nao sei mt bem a razao disso :-(

    Sobre minha conversao, o início de tudo mesmo, você pode ler mais aqui:


    http://http://entremaeefilha.blogspot.de/2013/05/das-minhas-duvidas-espirituais.html

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  10. Oi, Nina!
    Acho que o nosso espírito também amadurece e por isso em certas épocas não aceitamos alguns fatos que visivelmente estão expostos em nosso cotidiano, como a presença de Deus.
    Quando criança fui catequizada, crismada na igreja católica porque a família de minha mãe sempre foi praticante. Já do lado do meu pai, eles eram espíritas. Tive amigas de várias igrejas e a minha mãe nunca proibiu que frequentasse com elas os cultos. Ela só dizia: "Estão falando de Deus, está bom, não importa qual igreja". Por fim, segui as palavras de minha mãe e atualmente sou deísta. Ser espiritualizados nos complementa, é como se tivéssemos a certeza de que algo muito bom vai acontecer - dizem que isso se chama esperança, mas eu chamo fé.
    Beijus,

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