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A volta maravilhosa da DABKE

Nós tínhamos cerca de 13 a 15 anos. Éramos desde muito pequenas, muito artistas e quando conhecemos as pessoas certas e estudamos no colégio certo, fomos fazer a coisa certa: dancar num grupo folclórico, participar do Festival Folclórico Marquesiano, um dos festivais mais alegres, ecléticos e conhecidos de Manaus. Eu mesma só dancei um ano, pois minha prioridade era levar a sério os estudos (queria muito passar no vestibular) mas minhas irmas e suas amigas dancaram muitas outras vezes. E elas fizeram parte de um grupo muito bonito e sempre favorito desse festival, o DABKE. 

Todos os dias havia ensaio no colégio Antônio Bittencourt. 


Ensaiávamos todos ali, eu dancava pela Israel, e logo em seguida, havia o ensaio da Dabke, muita gente ia assistir, porque eles eram realmente muito bons. Enquanto assistíamos o ensaio, dancávamos junto e era assim que todos aprendíamos os passos. Até o dia da apresentacao, num palco enorme de madeira construido ao lado do Colégio Marquês de Santa Cruz, onde estudávamos. 

Ali éramos todos um. Amizades surgiam pra toda a vida, brigas aconteciam, namoros comecavam e terminavam. Fazíamos economia pra pagarmos as roupas que usaríamos na danca, nos maquiávamos umas as outras, amigos que haviam brigado nos dias anteriores faziam as pazes ainda na entrada do palco ou na saída. E quando nos apresentávamos era como se nada mais de importante houvesse na vida. Éramos garotos e garotas brilhantes, bonitos, confiantes. Todos os problemas de nossa adolescência desapareciam, todo nervosismo, toda a vergonha, tudo sumia pra dar espaco a emocao que era estar ali. E dancávamos em grupo, unidos pelo amor a danca. Havia uma energia naquilo, que nao há muito como descrever. Juntos éramos um. E um "um" muito forte. E tinha a DABKE. Era muito legal torcer por eles, a gente sabia, eles eram os melhores. Todo o público parava pra assistir aqueles meninos. Eles entravam e tudo parecia parar no ar. Eles tinham um sorriso que brilhava, tinham uma leveza no palco que emocionava, uma garra impressionante. Os passos eram ritmados, combinados, havia quase uma perfeicao nos detalhes. Era lindo de se ver. Minha mae sempre ia nos ver, a gente sempre chorava assistindo e dancando.

O tempo foi desfazendo as coisas. Os meninos e meninas cresceram, foram estudar, trabalhar, foram embora de Manaus, formaram familias... e sábado passado, dia 23, nos 40 anos do festival do nosso colégio, o Marquês, alguns grupos antigos voltaram a se apresentar naquele mesmo palco, 20 anos depois. E a DABKE estava lá. 

Eles se reuniram novamente. Voltaram a ensaiar, como meninos que eram, que sao. Os que puderam, é claro. Alguns voltaram de onde estavam, alguns estavam bem longe, fora do Brasil inclusive. Alguns certamente, ficaram tristes por nao poderem participar, mas os que estavam lá, estavam de fato, de coracao, de verdade, e os que nao estavam, se fizeram presente em energia positiva, torcendo na distância, animando a turma através da comuidade que criaram no facebook. 

Minha mae foi  assistir no sábado com parte das minhas irmas e sobrinhos.  E ontem recebi esse video da minha irma mais nova dizendo: "oi mana, a mamae chorou muito lembrando de vocês dancando no festival. A Nil é segunda".  Chorei feito crianca! Fiquei longos minutos chorando durante e depois de ver minha irma, que eu nao sabia que tinha participado desse retorno. Ela me escondeu isso e eu chorei tanto ao ver minha dancando novamente. Mas tanto, tanto...

   
O vídeo nao está muito bom, quem filmou foi meu querido cunhado, mas dá pra ter uma pequena ideia da beleza... aqui, minha irma em um outra danca, a Palestina, na qual ela já havia dancado há mais de 20 anos.

e aqui um outro video, sem muita qualidade porque é claro, foi feito da platéia, mas mostra bem os meninos e meninas de novo. Como eles mesmo dizem, mais barrigudinhos, mais devagarinhos, mais carequinhas, mas igualmente felizes. Talvez ainda mais...

* * *
O que eu acho legal nisso tudo, é que enquanto dancávamos, nos mantínhamos longe de coisas erradas. Éramos garotos envolvidos com algo muito maior, nao ficávamos grudados na televisao, nao nos envolvíamos em coisas que nao devíamos. O lider do grupo lembrou disso ao apresentar a DABKE ao público no sábado. Deve ter sido um dia muito especial...

* * *
e esta é minha pequena homenagem a todos que fizeram isso possível,  a todos que fizeram parte da nossa história,  ao meu colégio querido, aos meus amigos, aos amigos das minhas irmas, as minhas amadas irmas e querida juventude de Manaus. 


* * *

Depois das perguntas da Luana, a Rosangela  indicou um video bonitinho, olha só:


Comentários

  1. AHHH NINA ROSA!! ME FEZ CHORAR NÉ!! CONTOU TODA A NOSSA HISTÓRIA LINDA!! OBRIGADA MINHA AMIGA PELA HOMENAGEM!! ESTAMOS TODOS INTERLIGADOS EM ESPIRITO!! BJS NOTEU CORAÇÃO TE AMAO!!

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  2. Nina, eu adorava essas festas na escola. Ontem mesmo falei das festas juninas e do qto eu adorava ir para estas festas e comer as delicias. E pular fogueira e beber quentao.

    Legal o video...

    Boa semana


    Bjao

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  3. Boas recordações. Não consequi ver o video, mas a história valeu.
    bjs

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  4. oi minha amiga!!!
    sou como você, uma manteiga ao recoradar aos coisas do meu passado...
    eu lendo seu post já me emocionei..rsrsr. Ave!!!
    beijossss
    PS>: Linda homenagem viu!!!

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  5. Lindo lindo lindo, eu vivi tudo isso também, mas como espectador.
    Eles arrasaram no sábado!!! Você é irmã da Nil e da Nirley?

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  6. Oi, Nina!! linda a história...tive tanta vontade de ir conhecer o Marquesiano esse último fds, mas fiquei receosa de encarar o "furdunço" com a minha pimentinha de 02 anos...poxa, perdi uma apresentação da velha guarda das danças internacionais que tanto gosto!!
    Beijos pra ti

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  7. me emocionei bastante mas no 40 anos do festival a Dança Palestina , Venezuela, as danças russas , gaúchas e outras fizeram sua parte e foram ótimas em todos os sentidos .. parabéns a todos que participaram destes 40 anos. Obrigada a coordenação q teve essa ideia eu adorei!

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  8. Nina
    Eu fiquei tao emocionada ao ver o video. E assim que a juventude nao encontra a droga. Espero que a dança nao morra em Manaus e o melhor foi ver sua irma dançando novamente.
    E Chorei com voce!
    com amizade e carinho Monica

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  9. Nessa meu bem, obrigada! Acho que é isso mesmo, ligados todos por espirito. Te amo tbm minha queridona.

    Nao é maravilhoso mesmo Ge? Eu tbm curtia mt.

    Oi Norma, ahh que pena, nao pode conhecer minha irma :-(

    Iihh Ana, entao somos duas manteiguinhas derretidas, cara, chorei estando aqui, imagina o povo la, pessoalmente, caramba, tenho certeza que foi lindo, emocionante pra mt gente.

    Oi anonimo, obrigada! Ah, sim, elas sao minhas lindas irmas!!

    Ah bruxinha, que pena que vc nao foi, tentei te responder o comentario mas vc nao tem blog, ne? Bjs na sua filhotinha!

    Oi Helen, acabei de ler o texto do teu marido, meu Deus do céu, ele é MUITO bom! Agora, caracas, eu nao sabia que tu dancavas... sabe que minhas irmas dancaram na Palestina tbm? Acho que antes da Dabke.

    Poxa, Monica, que bacana ler isso, obrigada. Tbm acredito mt na forca da danca, na verdade, da arte, na vida dos jovens, isso os ajuda mesmo a se manterem longe de coisas erradas.

    Olha Monica, acho que teve uma coisa mt magica nesse encontro... o choro que minha irma no video causou em mim teve algo de, sei la, diria, sobrenatural. Acho mesmo que foi Deus quem uniu essa meninada de novo.

    Bjs e obrigada a todos pela visita
    E viva a Dabke! heeeeyaaaaaaaaa

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  10. Nossa que história linda para contar....beijokas e boa noite querida....

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  11. Eu sempre dançava numa apresentação do desfile de 7 de setembro. Ou sempre que deixavam. Eu era a mais baixinha e certamente a mais desengonçada.
    E nunca perdi uma festa junina.
    Sabado Jujuba dançou. Tava lindo num terninho listrado feito pela minha mãe. Sempre me emociono.Ha dois anos Valon não dança mas acho que dançara no proximo ano. Ja ta com saudade.;)

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  12. Nina que saudade dessa fase de escola aff eu também adorava dancar... entao é assim eu sou de Manaus, moro em Cali estive a trabalho pelo meu blog de turismo em San Andrés e agora viajo de pequenas férias pra Medellin :)... bjs

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  13. Ninoca,
    Que coisa legal! Nunca podia imaginar que tão longe, lá em cima do Brasil, tivessem grupos que dançavam tão bem as danças internacionais.
    Ah tadinha de você, ficou fora dessa, mas pelo menos te enviaram os vídeos (que consegui ver)para matar as saudades!
    Quem sabe um dia você volta a dançar com eles? Tente se engajar mais no face e nesta comunidade, tudo pode ser realizado, basta vontade e um pouco de dimdim, né?
    beijos cariocas

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  14. é mesmo Ellen, é uma linda história eu tbm fiquei encantada com essa volta.

    delícia ne Katita? imagino o Jujuba dancando ,oohh fofura.

    ahhh tá Mike, gostei e principalmente que vc tbm é conterranea :-)

    nao Beth, eu nao quero dancar nao, rsrsr, na verdade, sempre fui de admirar a Dabke, mas nunca tive intencao de dancar nela nao, ela é pros grandes e mt bons... nao quero dancar nao :-) alem disso, esse grupo mesmo, so se reuniu agora por causa dos 40 anos do festival, entende?

    Bjs meninas!

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  15. Ninoca mô bem, eu viajo nos seus texto ainda mais quando eles sao lembracas lindas como essa, meu sonho era dancar no grupo de carimbó, com aquela saia enorme, linda,rodada e cheia de cores, eu achava tao linnnnda a sinturinha das dancarinas, com aquele requebrado e umbigo de fora, quem me dera!! Meu pai nunca deixou e eu danco tao bem quando um saci...
    Hoje alem de ler seu post, ver esse video lindo, ver vc chorar nao de trsiteza mas de uam saudade de boa e saudavel faz apenas com que eu te admire mais ainda.
    Eu vou ficar julho fora, vou pro nosso Norte...E claro jamais iriasem me despedir de vcminha linda amiga, vou sentir tanta saudade de vc que vc nem imagina...mas eu volto viu?
    Estou super feliz, alegria tamanha que mal cabe em mim, desejo um otimo julho pra vc tá? tudo de bom minha lindona..um grande cheirao bem grandao minha flor do Amazonas...bjs

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  16. Que historia linda!!!
    O que quer dizer DABKE? Eh alguma sigla? Desculpa, provavelmente eh uma pergunta idiota... =)

    Eu quase chorei só de ver o video, imagina se fosse a minha irma la? E com todas essas lembranças?

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  17. Luana, Dabke não é uma sigla, é um tipo de dança árabe.
    Acredito que o grupo fez uma homenagem a essa modalidade colocando esse nome. Na verdade, se vc olhar um vídeo dA Dabke e dE dabke, vai perceber que são distintos.
    Segue abaixo uma definição da dança dabke (e não do grupo rsrsrs tô me repetindo) extraída do site Central da Dança do Ventre:

    "Dabke é uma dança folclórica de muitos países árabes.

    Apesar de ser originalmente masculina, hoje em dia pode ser vista sendo dançada por toda a família.

    Dançada em grupo, com as pessoas de mãos dadas formando uma roda ou uma meia-lua.

    Não há movimentos de braços e ou de quadril. A movimentação se restringe aos pés, que realizam uma variedade de batidas e passos no chão.

    Os ritmos mais adequados são o Said e o Malfuf. A música é alegre, e quase sempre acompanhada de derbak e da flauta Mijwiz.

    Assim como a música, a dança também é alegre, e quase sempre dançada pelos árabes quando presentes em uma festa.

    Comumente vê-se este tipo de celebração no Brasil por ocasião de encontros de árabes em bares, restaurantes ou festas.

    Por ser uma dança de fácil execução, é possível aprendê-la durante uma festa e participar da celebração do Dabke."

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  18. Oi Bruxinha, obrigada pela ajuda.

    Segundo o Fernando, Ocenildo e Rosangela da comunidade da Dabke no Facebook, a palavra significa, bater o pé no chao. E é a principal danca folclória do Libano.

    Bom é isso. Sua pergunta nao foi tao sem sentido viu Luana? Até eu aprendi :-)

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  19. E a Rosangela ainda completou com esse texto:

    O Dabke, expressão que significa “bater os pés”, é a principal dança do folclore libanês. Sua origem é antiga e sua história está relacionada com o trabalho. Nas aldeias libanesas, as casas mais humildes eram forradas com galhos de árvores, barro e, na época das chuvas, os moradores das aldeias reuniam amigos, vizinhos e, em grupo, batiam os pés no chão para recompactá-lo. Assim, fechavam todas as frestas e evitavam a entrada de água.

    Com o tempo, as pessoas introduziram, no trabalho de “bater os pés”, algumas brincadeiras para espantar o frio e o cansaço. Tocavam flauta de bambu (mijwis), tambor (tabla), faziam desafios e improvisavam novas formas de bater com os pés no chão. Assim, nasceram vários ritmos, dentre eles os mais conhecidos são o Dalaouna, Ataba, Abouzelouf e Mijana.

    No início dos anos 40, o dabke se resumia a esses ritmos, e os seus passos se restringiam a menos de sete; conforme a região, eram executados com mais vigor, com mais intensidade, com mais ligeireza ou com lentidão. O dabke chegou a outros países árabes como a Síria, a Palestina, a Jordânia e consta também, que nas montanhas do Iraque e no Egito existe uma dança em grupo semelhante do dabke mas com outra estrutura de execução. Consta também que essa dança chegou a algumas tribos ou grupos beduínos nas regiões vizinhas do Líbano. A execução de dança retratava a forma de vida desses povos, com passos mais teatrais, com mais dramaticidade e gesticulações exageradas.

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  20. Que interessante!

    Eu achei q fosse alguma sigla de algum clube... hahaa

    Na verdade podia ter ido no Google e ter procurado, ne? Poupava o papelão de perguntar aqui.. =)

    Eu adoro dança, mas confesso que sou bem desinformada sobre nomes e estilos..

    Tenho um grande amigo, doutorando em radiobiologia aqui na Usina, que eh libanês, vou perguntar mais sobre a dança pra ele!

    obrigada, meninas!

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  21. Ai Nina, acho super legais esses grupos de folclore, de qualquer tipo... Nunca fiz parte de nenhum, mas tive amigos que participavam dum centro de tradicoes gauchas, e meus primos que formaram um grupo de folclore alemao.. eu sempre me divertia indo assistir apresentacoes deles... Acho que é um forma muito bonita de manter as tradicoes, sejam elas ali da regiao mesmo, ou pra resgatar culturas da terra dos antepassados...

    beijo

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  22. Ah Nina...
    Que gostosas essas lembranças que a vida nos traz, trazendo à tona momentos que estavam esquecidos, sensações adormecidas que ganham vida atraves de um vídeo de youtube...
    Muito bonita a dança, imagino sua emoção...
    Me sinto assim quando escuto ou vejo uma boa quadrilha...
    Bjim e viva a Dabke!
    Márcia

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  23. Oi Nina, querida!

    Olha, você me fez lembrar quando eu dançava tmb, lógico que não era nessas danças com passos difícies, mas tmb era emocionante, dançei alguns anos na "Dança Portuguesa" do meu bairro, "ôh bate o pé, bate o pé, bate o pé..., rs rs" lembro dessas danças que vc mencionou, eram lindas, eu lembro que chamava muito a atenção de todos... lembro que fomos dançar no Festival Folclórico Marquesiano...
    Legal a iniciativa dos participantes reviverem essa emoção.

    Beijos querida, fiquem com Deus!

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  24. Ei minha querida! Adoro todas essas histórias e minhas memórias são minhas aliadas nas emoções. Que lindeza esse relato, que delícia esses encantamentos! Beijos!

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  25. Muito bom, como é bom ter doces momentos na infância e adolescência! Bjs

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  26. Nossa! Imagino a delícia de voltar a dançar com o mesmo grupo (quase completo) 40 anos depois.
    Nunca participei de nada na escola, nem na comunidade, minha mãe não deixava. rsrs E sempre "invejei" quem podia participar de tudo.
    Adorei os vídeos, deu pra ver bem a dança.
    Beijo!

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  27. Oi,

    Fiquei muito emocionado com que escreveu participei do grupo Dabke de 1988 - 1992. Este ano não pude voltar a dançar minha filha tinha um apresentação no Colégio no mesmo dia. Fico feliz em ter participado e contribuido para que o Festival Marquesiano ficasse sempre no coração das pessoas.

    Um forte abraço.

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