Pular para o conteúdo principal

Meu querido professor

Ele era tao bom no que fazia. Foi com que ele que comecou meu amor por livros. Ia com um grande entusiasmo pra sala de aula e nos ensinava com uma paixao como se daquilo dependesse toda a sua vida. Nos fazia decorar pro outro dia em que iria perguntar em forma de prova oral, qualquer coisa e o mais incrível é que todo mundo decorava. Até hoje nao esqueco a lista das preposicoes, p. ex. Morria de medo de decepcionar meu querido professor, que foi a primeira pessoa que notou meu interesse em escrever. Nao sei até onde ele tinha razao quanto ao talento que ele via em mim, mas o fato é que eu nunca esqueco um dia muito especial na sala de aula. 

Certa vez, ele pediu pra turma escrever uma redacao com o tema O Passarinho. No dia da entrega ele devolveu a todos os alunos suas redacoes e eu fiquei esperando a minha. Todos receberam e eu fiquei lá, com cara de tonta. Quando eu já comecava a pensar que ele talvez a tivesse perdido, como certa vez a professora de História perdeu um trabalho que fiz com gravuras incríveis sobre a escravidao no Brasil, ele se levantou da sua cadeira e após um longo período disse algo que eu NUNCA vou me esquecer, passe o tempo que passar (claro que ele usou outras palavras, nao posso lembrar exatamente de tudo):
Eu deixei a última redacao pra entregar só agora porque eu queria que todos ouvissem o que vou dizer sobre a dona da redacao. Ela foi a única pessoa a deixar que quem escrevesse fosse seu coracao. Todo mundo escreveu de forma muito automática. Ela foi a única que saiu do óbvio e por isso, tirou nota dez. Nina Rosa, a sua redacao está aqui.

Levantei duvidando que era sobre mim que ele falava e fui caminhando até ele com a cara certamente, vermelha de vergonha, enquanto todos os colegas me acompanhavam com os olhos sem acreditar que aquela menina lesinha e tímida pudesse fazer algo realmente bom.

Na hora de me dar nas maos a minha redacao em que eu falava algo como entender o que o passarinho, que era meu melhor amigo, sentia ao ficar preso na gaiolinha e com muita dor no coracao, o soltava pra liberdade, o professor Paulo Roberto me disse baixinho: você tem muito talento e pode pensar um dia em escrever um livro.

Voltei pro meu lugar me sentindo nas nuvens. Esse foi o meu dia mais feliz numa escola. Finalmente alguém que nao era a minha avó me via como alguém especial. E isso valia muito para a menina que se sentia sem amor que eu era aos 12 anos.

Para sempre, meu querido professor de português Paulo Roberto vai morar no meu coracao...
...
...

E se você me visse agora poderia ver as lágrimas que escorrem no rosto da menina que nao virou escritora, mas uma feliz blogueira, que escreve com muito erro é verdade, mas certamente ainda com o coracao.

Comentários

  1. Que legal isso! Bom quando a gente sente que nosso esforço foi reconhecido, isso não tem preço!

    Quando era adolescente e escrevia muita gente achava que eu tinha copiado aquilo de alguém, é porque eu era muito introvertidam naquela época, e todos achavam que eu não tinha nada a dizer... rs.

    Beijocas

    ResponderExcluir
  2. Eu também tive professores assim e eu também AMAVA escrever redações na escola. Ganhei dois preminhos em dois concursos que participei, um de poesia e outro de contos.
    Mas tenho uma certa birra de uma professora que me dava sempre a nota 9,5 sem achar erro nenhum, mas dava 10 para uma menina que escrevia igual a um robo e suas frases eram tão... fracas,sabe? "ah,mas ela fez certinho. de acordo com as minhas regras. você escreve livre, não pode na minha aula"...

    nunca entendi porque...

    ResponderExcluir
  3. quase chorei também com seu depoimento... com toda certeza você continua escrevendo com seu coracao!!

    ResponderExcluir
  4. E to super feliz por voce estar vindo pra festa dos pijamas.

    ResponderExcluir
  5. Poxa, identifiquei-me muito com seu texto. Acho que não tem presente maior para quem é apaixonado pelas letras do que receber um elogio por uma redação. Passei por algumas situações semelhantes também. Seu post me ajudou a recordá-las.

    Abraço.

    ResponderExcluir
  6. Que história linda. Me emocionei muito. Fiquei com aquele nó na garganta, sabe, ainda mais que sou professora . Quer dizer , estou aposentada mas me sinto professora para sempre.


    Bjos Luzia

    ResponderExcluir
  7. Há pessoas que fazem toda diferença em nossa vida, este seu professor foi uma destas.
    Bom final de semana

    ResponderExcluir
  8. Tô legal, Nina! Só assim recolhida, mais na minha tentando achar algumas saídas, mas no geral tá tudo sob controle.

    Hoje escrevi um post, publico amanhã, por enquanto só tá dando para escrever nos finais de semana.

    Obrigada pela preocupação!

    Beijocas

    ResponderExcluir
  9. Maravilha!Que bom quando encontramos pessoas assim como ele.não?

    Isso fica pra sempre.Bela homenagem à ele...beijos,chica

    ResponderExcluir
  10. Nina, eu nunca esqueço dos professores que enxergaram em mim o que eu mesma nunca enxerguei.
    Que nossos filhos tenham a mesma sorte que a nossa: Encontrar professores que os valorizem.
    bj meNina Linda.

    ResponderExcluir
  11. Nina, a festa dos pijamas foi lancada.
    Passe la em casa pra ver.
    Bjs e otima semana pra voce!!

    http://blogdarosemariarose.blogspot.com/2012/02/festa-de-pijamas.html

    ResponderExcluir
  12. Imagino como não se sentiu! Uma lembrança como essa é eterna mesmo, para sempre o coração!
    bj

    ResponderExcluir
  13. Nina, ele viu o seu valor e o seu jeito lindo de escrever com o coração. Simples assim. E muito verdade. Você escreve de uma maneira que cativa a gente e isso é muito bom.

    No caso de não publicar livros, pode fazer ilustrações, porque eu e princesa sabemos como vc desenha bem.

    Beijos, beijos, querida!

    ResponderExcluir

Postar um comentário