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O que mantém uma relacao?

Em julho de 1990,  fiz uma viagem ao Rio Grande do Sul. Fiquei apenas uma semana em Novo Hamburgo. Era minha primeira vez no sul, e do que mais lembro dessa viagem, além do frio que eu ainda não conhecia, das paisagens lindinhas de Gramado e Canela e das churrascarias M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A-S, são as mulheres gaúchas. Nem vou falar da beleza delas porque isso todo mundo tá cansado de saber, mas observei uma coisa: a mulher lá é bem mais inteligente que o homem! Por favor não me entenda mal, não to dizendo que o homem gaúcho não seja inteligente, to falando apenas dos que eu pude observar, ok?! Entre outras coisas que notei, tinha o fato de os homens falarem muito errado, além de serem meio, digamos, bobos. Já as mulheres que conheci, falavam o português corretíssimo, e com aquele sotaque bonitinho do sul, meio enjoadinho, mas doce, e estavam visivelmente, culturalmente num nível mais elevado que os homens dali.
Voltei pra casa muito impressionada com o que vi no Rio Grande e decidi naquele tempo tentar ser um pouco como as gaúchas. Lindas como elas eu não poderia ser, mas tentei ser mais culta. Não deu muito certo, mas tentei...
To lembrando disso porque eu fiquei pensando no que faz a gente permanecer num casamento.
Um dia um amigo me disse que a gente precisa casar com uma pessoa não  pelo que ela aparenta hoje, mas pelo que ela tem na cabeça, se o casal é capaz de manter uma boa conversa, é sinal de que poderá ser um bom casamento. Porque um dia a beleza física acaba, ou pelo menos, diminui e o que fica é capacidade de mantermos uma boa conversa. Mas aí, sabe? Eu fico olhando os homens. Os interesses deles são totalmente diferentes dos nossos!!
Olho meu marido, por exemplo. Tudo ou quase tudo que ele gosta eu não tenho o menoooor interesse. Ele fica falando de futebol com uma euforia, que me dá até pena às vezes, porque isso nao me interessa e ele fica falando e falando e eu tenho que parar de fazer as minhas coisas pra dar um pouco de atenção pro pobrezinho. Mas NÃO ME INTERESSA que time baixou pra segunda divisão ou qual o novo treinador de tal time, que jogador era de uma equipe e passou pra outra, eu não quero ver aquele incrível gol, que não sei quem  marcou, eu só quero ficar um pouco em paz lendo meu livro enquanto o bebê, finalmente dorme.
Aí eu levanto e vou desenhar (ando pintando coisas, mexendo com algo que nunca mexi antes, aquarela, e ando apanhando muito dos pincéis) aí ele se aproxima de mim, elogia o que fiz e  pergunta se vou ficar muito tempo pintando (ooh sim querido, eu adoraria, mas tudo bem...),  porque ele queria tomar um vinho comigo e talvez assistir um filme. Bom, eu não gosto muito de vinho (prefiro cerveja), mas eu tomo um gole só pra acompanhá-lo e ele já colocou um filme, e adivinha? No filme só tem sangue, carro capotando, tiroteio, porrada... não dá! Aquilo não é pra mim. Não é meu mundo. Então ele fala pra eu escolher um outro, e aquele pelo qual eu me decido, o faz em pouquíssimos minutos, pegar no sono e roncar do meu lado. 

Tinha uma amiga que disse ter largado um namorado lindíssimo e que ela lutou muito pra conquistar, quando ela notou que ele inventava em reunioes sociais que tinha lido tal livro, visto tal exposição, que conhecia tal artista. Ele se fazia de inteligente só citando coisas que ela havia comentado com ele. Ela percebeu que o cara era somente mais um espertinho... e notou que ele não a merecia.  Não somente por ser um burro mas por ser um mentiroso. E por viver em outro mundo totalmente diferente do dela.
O que será que segura um relacionamento se ambos somos tão diferentes?
Acho que a inteligência é um ponto importantíssimo. De ambos os lados. E acho que é essencial ter admiração um pelo outro. Acho importantíssimo ser engraçado, o cara tem que saber fazer a gente rir, e tem que ter na relação, espontaneidade, confiança, verdade... é claro que o que pra mim pode ser importante, pra você pode nao ser, mas você concorda comigo que somos muito diferentes? Nós e os homens? Acho claro, que isso é que dá um salzinho na relação, e nos faz ficar juntos, mas não é de um certo modo estranho notar que não temos quase nada em comum com aquele que temos uma vida em comum?

Olha meu exemplo: Eu quero escrever, ler, desenhar, pintar, cozinhar, ver filmes de drama e romance. Eu quero chorar vendo meus filmes ou lendo um livro,  ou quando ouvir um música linda, e quero chorar lembrando da minha infância feliz. Meu marido quer ver futebol, jogar tênis, tomar cerveja com ou sem os amigos, quer ir pra academia diminuir a barriga,  quer ir remar ou pescar, não gosta de ler e só abre um livro quando está de férias na beira da praia e odeia a sua infância!

Como saber se somos feitos um para o outro? Como conviver com alguém que aparentemente,  não tem nada em comum com você?
No nosso caso aqui, graças a Deus, temos não somente grandes diferenças, mas também muitas coisas  coisas em comum. Temos um pelo outro grande respeito. Calamos quando o outro quer falar e falamos quando o outro precisa ouvir. Temos quase a mesma ideia de como devemos criar os filhos, apesar de serem muito grandes as diferenças culturais entre nós e entre os métodos que achamos ser corretos.  Temos boa vontade em aprender um com o outro e humildade pra reconhecer onde erramos. Adoramos viajar, ouvir música e ir a shows. 
Mas ainda tem muito o que consertar. Temos tempo... esse ano fazemos somente 5 anos de casados...

Mas eu penso muito sobre as diferenças. Acho que as mulheres não querem muitas vezes compreender os homens. Acho difícil elas entenderem que eles são simplesmente diferentes. Que eles tem mesmo, outras coisas na cabeça. Que o fato dele querer ir ao futebol no sábado, é de fato (quase sempre) só isso mesmo o que ele tem em mente naquele momento. Que tomar cerveja com os amigos é bom pra relaxar, que falar bobagem e palavrão, pode ser uma maneira de aliviar tensões, que cada um pode manter sua vida em conjunto mantendo ao mesmo tempo, seus próprios interesses. 

Ou quem sabe, percebendo enfim,  que ela não precisa ter  um homem do lado...

E pra terminar o post que comecei e terminei meio sem sentido, uma dica de filme muito bom, My One and Only. Já viu? Veja. Nem todos vão gostar, mas eu amei e faz pensar sobre nossas reais necessidades.



Comentários

  1. Como gaúcha da campanha, não me senti ofendida...hehehe
    Em geral em um realacionamento a gente acha que tudo vai ser perfeito, pois românticas que sonham com um principe encantado que não existe..hoje sou mais para um vampiro de volvo, porque não existe conto de fadas.Existe respeito, cumplicidade, diálogo, amizade e claro uma pimentinha, depois que a gente amadurece e conhece a pessoa que se tem ao lado.Fácil, não é fácil.É possível!Homem inteligente é meu marido..haha, ex-seminarista e tenho o maior orgulho dele e aprendo muito..
    Nossa , quase fiz um post...
    Paz e bem

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  2. Oi Nina,
    Aquela máxima que diz: "Se a pessoa pensar muito não casa" retrata bem o que está por vir depois do altar. Compatibilizar as diferenças, cuidar de uma casa, aguentar o mau humor do outro (e fazer com que o outro aguente o nosso)... é bem complicado. Mas tem o lado bom, claro... e é nisto que a gente se apega.
    Um bjo querida!
    Márcia

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  3. Fiquei curiosa pra saber o nome do filme em portugues.Quero assistir assim que puder...

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  4. Seu blog tem sido um dos meus preferidos, ultimamente. Não porque ganhei o seu sorteio... rsrs... mas porque seus textos são de extrema sensibilidade.

    Fui casada duas vezes, e sei bem do que está falando. Acho que a diferença entre o homem e a mulher é fato, não tem nem jeito de solucionar isso, apenas um respeitar o outro mesmo.

    Agora o que não pode acontecer com um casal são objetivos de vida em diferentes, quando isso acontece o relacionamento afunda. Os dois tem que ter projetos de vida em comum, isso que segura uma relação.

    Beijocas

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  5. duas pessoas nascem em lugares diferentes,crescem em lares diferentes,adquirem cultura diversas e ainda por cima são de sexo diferentes.Não tem como pensar e sentir igual.Nossas necessidades são diferentes.O lado emotivo é grande em nós,e neles o prático.Mas concordo que quando se sabe conversar,o casamento vai mais longe,adquire um conteúdo diferente do universo doméstico .O amor para mim é conviver com o outro entendendo as diferenças e completá-las de uma maneira a não anular o outro...Achar pontos positivos que os dois gostem de fazer e por ai vai.....casei 3 vezes.Aprendi que muitos casais ficam juntos por pura comodidade.Se toleram e levam uma vida toda assim.Como não penso assim,fui em busca da felicidade .As vezes ela vem em baldes e as vezes preciso cavar,mas a vida a dois é dificil e precisa ser cultivada constantemente.Não é facil fazer macarrão quando se está com vontade de comer bisteca.
    Boa noite Nina...abração para vc

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  6. Nina querida...E viva a diferença.já pensaste num casal que gosta de fazer tudo igual?...dura rotina.

    Melhor mesmo é diversificar. Um dia vou contigo e noutro vens comigo.Claro, tudo em equilíbrio, pois tanta diferença também não nos faz bem.

    Ah, e o nome do filme em português é TUDO POR VOCÊ. com kevin Bacon e Renée Zellweger.

    Beijos Nina querida

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  7. Ah! Ainda não posso opinar sobre o assunto ainda não tive um relacionamento sério assim... morar debaixo do mesmo teto deve ser bem difícil, mas acredito que a sua pergunta pode ser respondida com uma única frase: vontade de ambos a ficar junto e fazer a coisa fluir.
    Li essa reportagem e lembrei do seu post de hoje kkkkk dá uma lida...
    http://g1.globo.com/dia-dos-namorados/2011/noticia/2011/06/ideia-de-que-opostos-se-atraem-e-mito-diz-terapeuta-sexual.html

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  8. Nina, ando meio decepcionada com algumas coisas, seu texto me fez pensar... Talvez me ajude em algumas decisões.

    Beijos, querida!

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  9. Continuo te lendo, daqui, de Novo Hamburgo/RS.
    Abraços

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  10. Olá Nina
    Diferenças sempre existirão e não são elas que fazem com o relacionamento de deteriore, pois se temos respeito pelo outro. Diferenças podem dar colorido a relação.
    Respeito, autoconhecimento, projetos individuais e conjuntos, admiração são ingredsientes para que um relacionamento possa ser duradouro.
    bjs

    Obs Passe lá no meu espaço e acompanhe a semana dedicada ao AMOR.

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  11. Nina
    Eu nunca me casei.
    E quando pequenina costumava dizer que não ia casar pois não saberia o que dizer pro meu marido todos os dias.
    Conversar pra mim é muito dificil. Prfiro escrever ou ler.
    Mas voce resumiu o sucesso de seu casamento.
    Um sabe a hora que deve calar e que deve ouvir.
    Papai sempre sabia a hora certa de falar com mamae e vice versa.
    Foram felizes até seu falecimento.
    E também ela disse o segredo de duas pessoas completamente diferentes dar certo. E o milagre do sacramento ou para quem naõ é catolico o milagre da religião, qualquer que seja, O milagre da benção.
    Por isso daqui do outro lado do seu mundo abençoe a ambos.
    E le desejo toda a felicidade neste dia 13 de junho dia dos namorados.

    Estou chegando de Santo antonio. Um friozinho gostoso!
    com carinho MOnica
    Há esqueci de contar Raphael está curado e de alta graças a Deus

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  12. ameiiiiiiiiiii a parte da inteligencia das gauchas...kkkkkkk me senti muito bem....kkkkkkkk
    mas a convivencia é dificil né amiga, meu marido tb amaaaaaaaa futebol, eu odeioooooooo....as vezes queria ser a amanda do programa mulher invisivel, de shortinho e camiseta do time torcendo com o maridao...kkkkkk
    mas isso seria uma tortura pra mi, pois nao sei nem pra q lado deve sair o gol...kkkk
    mas agente se esforça né...
    bjusssssssssss

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  13. Nina, você sempre fazendo a gente colocar a cachola pra funcionar, ahaha.

    Menina, eu nao sei não. Você citou aí algumas coisas que fazem a relação dar certo. Saber ouvir e falar no momento certo. Eu uso também o não responder quando estou com MUITA raiva, por que sempre exagero na dose. Falo o que nao é preciso, machuco.
    Outra coisa é dar liberdade ao outro. Não apenas para sair com os amigos, nao perguntar que horas volta ou com quem estava, como deixá-lo ser eles mesmo. E isso serve para nós também. É minha humilde opinião. Conosco funciona assim, nestes 11 anos de relacionamento, 5 anos de casamento. Sabe o que é mais engraçado, se vc nao pergunta,o companheiro se sente a vontade para te dizer o que fez sem achar que vc está controlando-o.
    Acho que amor próprio, tipo, adoro sua cia, mas sei ser feliz sozinha, também ajuda bastante. Ninguém quer ter um grude dependente ao lado. Estar ao lado de alguém que se garante é excitante.
    É isso que eu acho, rsrsr. Também odeio quando meu marido fica falando horas a fio sobre mecanica, motocicletas, etc. E ele odeia quando EU falo de futebol.
    Filmes? Sem chance tbm. São divididos entre os que eu assisto sozinha (comedia e drama) os que ele assiste sozinho (suspense) e o que assistimos juntos.(geralmente aventura). Livros? Eu amo, ele odeia.
    E assim vamos vivendo e quer saber? Sou Feliz demais com todas estas diferenças!!!

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  14. Oi Nina!

    Eu acho que você terminou o post com MUITO sentido, muito mesmo!
    Eu percebi, enfim, que eu não preciso ter um homem do meu lado. Aliás, nem do lado, nem na frente, nem atrás, nem perto, rsrsrsrsrs.
    Eu hein? Não saberia mais viver esse tipo de coisa. Concordo com você, as diferenças são muitas, inúmeras, e acabo por me pegar pensando: pra quê? Qual o sentido disso? Qual a necessidade? Não consigo achar nenhuma resposta, e estou muito bem obrigada, rsrsrs.
    Adorei esse post, beijos

    Carla

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  15. Nós somos diferentes, sim.
    Em quase tudo.

    MInah mae costumava dizer que a melhor forma de sabermos se queremos viver com alguém é, respondendo, sinceramente, a pergunta:

    ONDE E COM QUEM EU QUERO ESTÁ EM DEZ ANOS?

    Quando eu encontrei meu marido, eu já tinha tentado duas vezes, antes e nao tinah feito a pergunta...

    HOje, próximo dos dez, eu ainda cho que, independente de nossas dorese dificuldades, eu vou querer está com ele, lá na frente- E isso nao tem nenhuma relacao com sexo.isso tema ver com compreensao...

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  16. Ô Nina minha frô, o caso é que a gente só descobre as diferenças depois que está casado e aí tem coisa que dá pra acertar o passo...outras não!

    Beijos e toca em frente!

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  17. Deixa te perguntar. Que língua vocês falam em casa? O teu marido viveu aqui, não foi? Dá pra misturar o portugues com o alemão ou fica num só? E os meninos?

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  18. Criei um novo blog, segue lá:
    just-a-girl21.blogspot.com
    Espero vc laá´.!

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  19. Esses homens nao sao fáceis, né meninas?? Ainda tem a cara de pau de falar que nós somos as difíceis :-)

    Pitanga, que legal te ver aqui... vc perguntou, eu respondo. Marido nunca morou no Brasil nao. Só vai lá de férias. Ahhh e em casa, falamos eu com as criancas, português(às vezes eles misturam tudo tbm), quando meu marido está por perto, só falamos todos alemao em respeito a ele, porque é mt desagradável ficar falando português qd o outro nao entende muito, e com o bebezinho, Pedro, falo somente português e o pai somente alemao. Assim ele aprende as duas línguas.
    Meio confuso?
    Parece, mas nao é, funciona bem :-)


    Um bj pra cada uma e ótimo fim de semana queridas

    Mt obrigada pelos lindos comentários e por dividirem suas experiências com a gente aqui.

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