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Da alegria de dancar salsa e encontrar brasileiros no exterior

Ontem o comentário da Paulette me fez pensar no fato que ela disse:
...Sobre os quitutes brazucas na lojinha: ai, só qdo a gente tá fora do nosso amado Brasil é que sentimos falta, né? Qdo vou na lojinha daqui tbém arraso com guaraná, coxinha e outros produtos pra culinária. Meu marido fica encantado com minha alegria qdo vou lá.

É bem assim mesmo, com algumas exceçoes (e eu já vivi duas muito chatas exceçoes!) encontrar brasileiros quando se mora no exterior é sempre muito gostoso. É como estar num planeta diferente do seu e de de repente, se perceber  de volta, num segundo. Com um sorriso, muitas gargalhadas, toque no braço, às vezes beijinhos e abraços. É assim encontrar brasileiros gente boa por aqui. Como eu disse, nem sempre é assim... Uma das exceçoes que mais me marcou foi conhecer uma moça que meu marido sempre falava que eu iria gostar ao chegar aqui, e ao chegar, ela me esnobou tanto, que nem te conto...

Mas isso é passado.

O comentário da Paulette me fez ter vontade de contar da alegria de encontrar nosso povo. Foi assim em Munique. Nesse lugar onde compramos os pasteizinhos. Ao chegarmos, havia dois casais conversando com a portuguesa, dona do lugar e tinha essa baiana simpática. Foi ela quem nos serviu e começamos um papo que durou sem interrupçao, do início ao fim da nossa paradinha por lá. Acho que cerca de uma hora. A gente riu tanto e falou coisas sérias e ria de gargalhar logo em seguida. É que ela tem aquele jeitinho baianinho de ser, de falar que me faz achar tudo bonitinho ( eu adoro o sotaque do pessoal do nordeste, o jeito de falar do povo de Pernambuco entao, ai ai, eu acho LINDO, fico ouvindo enquanto esboço um sorriso!). Meu marido falou que notou que a gente se deu muito bem. Mas é assim, nao sei se a moça em questao seria uma amiga minha num outro tempo ou num outro lugar, nao sei se temos assim tanta afinidade, é só o jeito alegre da gente se expressar e da alegria de se encontrar que faz isso com a gente. Os outros dois casais também, no fim, na hora de eles saírem, se aproximaram da gente, ficaram falando com Pedrinho e ficamos todos ali, numa conversa rápida e  de uma maneira tao sintonizada, com uma alegria tao bonita de se ver, que dava gosto, entende? 
Será que você entende isso? 

Quando você mora no exterior, você conversa com as pessoas, claro, mas nunca vai ser como é quando você conversa com seus conterrâneos. No seu linguajar próprio, na tua língua. É quando você pode falar como quiser, e entender as nunces da língua falada, e se expressar, exatamente como você quer. É mágico poder falar a sua própria língua! Tem algo de sobrenatural nisso. Ela nos une e integra. A gente se sente parte de um todo. Só sabe disso quem mora fora... quem sente falta do calor e do conforto da própria língua. E precisa também ser meio velho pra isso, eu acho. Meu filho (13 anos) por exemplo, nao sente isso,  mas minha filha (16) sim, eu (quase 40!!) oxiiiiii,  como sinto...
É interessante também notar que nos reconhecemos. Às vezes eu erro, mas normalmente acerto. Basta olhar pra um rosto, a gente sabe, essa memória que a gente guarda dentro do coraçao da gente, sabe. Ela é brasileira! Eu sei! E nao é que é mesmo??!! Pimba! Acertei. 

E falando em acertei, brasileiro e alegria. 

Começamos o curso de salsa. Gente, como eu posso ser tao burraldina? Eu adoro dançar, nao sou muito boa, mas AMO! E pensava que nao tinha noçao alguma do que era salsa. Lá fomos nós, meu marido nao parava de falar um segundo, super nervoso. Ele nao tem noçao alguma de dança, nao queria fazer o curso, mas eu insisti e nao aceitei nao como resposta. Chegamos, eu de sapato um pouco mais alto, porque marido é um gigante perto de mim e marido nervooooso. Tinha ainda uns 8 pares e a Maria com o maridao, ela de salto também, ele, nervoooooso. Todo mundo duro, com vergonha por nao saber. E o professor todo rebolativo, um barato, engraçadadíssimo. A gente rindo o tempo todo da gente mesmo... e eu, mas menina! salsa é igualzinho ao forró ou talvez, a velha lambada. Muda alguma coisa, e claro, a música é em espanhol, mas é aquilo ali mesmo. E olha eu lá, já sabia todos os passos e fazendo de conta que nao sabia pra nao dar uma de exibida. Maria, muito engraçada, disse ao marido antes de entrar no salao: Tu nao fala pra ninguém, em hipótese alguma que sou brasileira, viu, seu cabra?! Vou passar vergonha, essa fama que a gente tem de ser tudo bom no remelexo... Lá vai o professor tirar Maria pra mostrar um passo, e ela se recusando: nao, nao, por favor, eu sou uma vergonha, e foi e fez bonito. Essa Maria... O que me faz lembrar Laura, minha filha,  ao conhecer rapazinhos aqui e eles perguntarem de onde ela vem: Nao vou responder! diz ela. Porque??  perguntam eles: Porque você vai me colocar numa categoria e me enquadrar ali dentro, e você vai ver que eu nao sou nada parecida com os teus clichês... aí eles insistem e ela rebate depois de muita insistência: tá bom, olha, sou brasileira, mas nao sei sambar, nao suporto funk, nao gosto de caipirinha, nao entendo porcaria nenhuma de futebol e nao tenho nada contra a Argentina!
Essa é minha filha...

E voltando ao curso de dança. No meio da salsa, chega um casal atrasado. Ela, alta, branca, corpo bonito. Dança um bocadinho, nao sabe salsa, mas eu vejo que tem ali um rebolado diferente do resto do grupo. Aquela bundinha nao me é estranha.... nao disse que e gente se reconhece? Maria me apresenta: Nina, a Tati é brasileira. E a gente rir de gargalhar porque, é assim quando a gente encontra conterrâneos...

Pra terminar o post fica a dica: faca um curso de dança! Qualquer que seja a dança, faz um bem danado pra gente,sabe? Dança de salao, é muito bom, por exemplo, gafieira, sei lá se ainda existe isso... Aproxima tanto  o casal... e se você tá achando que o casamento tá meio devagar, morninho, é uma bela forma de aproximar vocês, fazendo com que tenham novamente interesses em comum... pensa nisso!

Comentários

  1. "É mágico poder falar a sua própria língua! Tem algo de sobrenatural nisso. Ela nos une e integra. A gente se sente parte de um todo. Só sabe disso quem mora fora... quem sente falta do calor e do conforto da própria língua."
    Nina escreve um livro??
    Caramba! Isso e perfeito! E isso mesmo, sinto igual em relacao a isso.
    Olha tenho certeza que a aula de danca proporciona sim todas essas alegrias... e tendo brasileiros no grupo entao? E legais? E uma injecao de animo para qlq um! =)

    bjs

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  2. Oi Nina...gostei tanto do seu post...me colocou todas as experiências vividas por mim nos EUA...incrível como aconteceu da mesma forma.Sua filha é muito inteligente, já desarmou qualquer brincadeiras futuras...gostei.Mas sabe Nina...tive muitos desconfortos fora do Brasil;Comida,rítimo de vida,modo de falar conviver,a lingua (vontade de se fazer entender com palavras mais profundas)saudades da família,e tantas coisas que vc sabe muito bem,mas hoje sinto uma saudades imensas do que viví lá fora e como gostaria de poder ter essas experiências novamente.Nunca mais serei uma só.me sinto dividida poruqe aqui sinto saudades de lá e lá sinto saudades daqui.Arranjei um baita prloblemão.Espero que curta muito suas aulas e que continue muito feliz........abraços

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  3. Ai Nina, também adoro dançar, mas to sem prática. Adoraria fazer um curso com meu marido, mas aquele ali num vai nem a pau. Então to penando em fazer dança afro, que acho lindo e emagrece que é uma beleza. Quem sabe dá certo né? Bjocas linda e aproveita!!

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  4. Nina, maninha, arrasa no remelexo!!! Eu lembro de ti naquele vídeo que postastes, durante uma viagem ao Egito(?), onde dançavas no meio de uma roda. Estavas linda de doer e dançavas de uma maneira que fiquei babando! Mulé, tu tens o remelexo do Carimbó! ;-)
    Sabes que eu ando tão com vontade de fazer aulas de dança... Mas no meu caso tá difícil é de convencer o marido... Essas coisas é legal a gente já ir com par, né? Mas sei não, acho que vou acabar indo com ou sem.
    Beijos!

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  5. Oi, Nina. Muito legal saber que meu comentário foi um motivo pra iniciar um post. Obrigada, fiquei super lisonjeada.
    Concordo com vc em tudo que escreveu sobre esse "olhometro" que desenvolvemos com o tempo pra identificar nossos conterrâneos :). Acabamos identificando mesmo nossa gente. Eu já vivi em Portugal, Espanha e agora nos States... aff, como me sinto dividida, às vezes, com a saudades, com as vantagens e desvantagens de viver fora. Acho que já sou cidada do mundo mesmo nao deixando de ser brasileira jamais. Qdo escuto alguém falando português sinto uma alegria imensa, mas devido às más situaçoes me travo um pouco de me aproximar pq nao sei o que acontece com nossa gente que parece que tem o rei na barriga qdo está por aqui fora. Tem exceçoes, claro e eu tive provas disso. Conheci pessoas muito legais e que mantenho uma amizade verdadeira.
    Vc está de parabéns com a filhota, viu? Aqui fora vivemos esses estigmas de boazuda, que fazemos topless(?), somos sambista, futebolistas e outras cositas pouco elegantes. Ela está certíssima de se impor.
    Dou a maior força qto às aulas de dança. To tentando convencer o meu hubby a fazer o mesmo depois que a gente se mudar brevemente, pois amo dançar.
    Logo vou escrever um post sobre minhas peripécias por onde andei. To aprendendo ainda sobre blogs :))).
    Bj grande, querida.

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  6. vamo que vamo balancar o esqueleto meninas!!

    Chris, tu sabe que tu é uma fofa né????

    obrigada drica!

    Puxa Eva, foi assim? posso imaginar.. eu ja´disse e repito, se ficar triste um dia, morando fora, volto sem pestanejar... até agora,tá tudo em ordem :=)

    dani e ivana, bora meninas, convencer os maridoes, é tao boooooooommmmm!!!

    Pois é Paula, tbm já encontrei com umas que meu Deus do céu,como pode ser tao exibidas??? mas nem todas sao assim, gracas a Deus, né?

    Bjs meninas!!!

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  7. Oi Nina!

    Adorei sei post! Nunca morei fora do Brasil, mas imagino que seja assim. Às vezes viajo para algum lugar e fico toda feliz quando alguém conhece a minha cidade, rsrsrsr (Marília/SP). Fico toda surpresa: "Nossa, você conhece mesmo?!" Acho um barato!

    Ah, a Paulette é ótima, não?

    Beijos

    Carla

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  8. Não vamos mais longe! Quando estava em Lisboa e ia aos restaurantes, mesmo antes das meninas de mesa falarem, eu já dizia: é brasileira, só pelo jeito de andar e olhar. E olha que lá a língua é a mesma. Será??? heheh Olha, o que mais nos "entrega" é o tal "toque no braço". Ninguém fala se tocando. Só nós!

    beijos Nina! A tua é "porreta", como dizem os baianos.

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  9. Pra que vergonha querida Monica?? dancar faz tao bem pra gente...

    é isso mesmo, Carla, tbm sinto isso quando alguém fala que conhece Manaus :-)

    Pitanga, é mesmo.. Portugal!!! Sobre esse negócio de tocar o braco, é mesmo interessante. Sabe que na escola da Laura, outro dia, um colega perguntou pra ela: Laura, porque tu sempre fala tocando na gente?? E ela ficou toda sem jeito, disse: po, sei lá, é natural, é assim que a gente faz no Brasil... entao,alguns colegas que estavam perto comentaram: gente, é isso, a Laura vem de um país caloroso, tadinha da Laura,ela deve sentir falta desse contato, e a Laura só ouvindo e pensando: gente, nao é nada disso.. é só hábito.

    Sabe o que os colegas fizeram? criaram o "dia do abraco em prol da Laura"!

    todo dia eles chegam e abracam a Laura bem apertado e perguntam carinhosamente e ai Laura, tudo bem??? como foi a noite?? dormiu bem? que bacana é ser teu amigo, essas coisas ... hhhahaha.

    Outro dia uma das meninas falou: puxa Laura, esse negócio de maior contato físico faz um bem pra gente, né??

    Olha gente, achei isso tudo tao fofo!!!

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