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Querido diário


Hoje eu estava folheando o meu último diário. Eu terminei de escrevê-lo há uns dois meses mas várias lembranças ali ainda estão bem vivas (e até hoje não ganhei nenhum novo u.ú).
Tem várias bobagens lá. Desenhos, descrições inúteis de dias repetidos, erros de ortografia e listas de sonhos ou desejos.

Mas também tem umas histórias interessantes por lá.
Coisas assim, que eu me inspirava e saia escrevendo, escrevendo, escrevendo...
Quer ver uma delas?

Então tá, vou te contar uma história.

Vou te mostrar uma coisa.

~~~

Domingo, dia 7 de outubro de 2007

Ah, o domingo...

Eu sempre achei um dia diferente.
Por exemplo, domingo de manhã eu acordo tarde, tomo café-da-manhã na hora do almoço. Depois a mamãe às vezes faz feijoada...tem refri...
De tarde, é um dia ideal pra ver filmes no sofá e comer pipoca.
Aí vai chegando o pôr-do-sol. Eu sempre fico meio triste nessa hora. O sol vai ficando laranja...vai sumindo...a segunda-feira vai chegando...a escola...

Mas hoje, especialmente hoje, eu tive um motivo pra ficar triste. E não foi um motivo qualquer.
Hoje o meu  vô Ruy faleceu...

Ele já estava meio mal, sabe? Tinha feito uma cirurgia, e descobriram que ele tinha um outro problema também. Ficou internado no hospital por uns dias, toda a família preocupada. E hoje, bem cedo, de madrugada, ele morreu.

Vovô... ele só bebia e fumava, quase nunca comia algo. Não sei como ele conseguiu passar dos 70, mas passou. E era uma pessoa tão boa! Nunca perdia a calma, sempre tranqüilo...

Ele era muito inteligente também. Era engenheiro, mas pra mim mais parecia um geólogo, morou em Ouro Preto. Sabia o nome de todas as pedras, preciosas ou não. Ele também era poeta, e gostava de cantar, enquanto os amigos tocavam violão ou piano, meu avô acompanhava as cançoes cantando.
Eu nunca foi muito, tipo, apegada a ele. Também, sempre morávamos muito longe um do outro.
Engraçada, né? A vida.
Quando a gente menos espera...

Eu já tinha perdido um avô antes. O pai da mamãe, vô Sena. Ou vô Nhock.
Quando ele morreu, mamãe chorou muito. Eu chorei também.
A gente era ainda mais distante, mas mesmo assim, eu gostava dele.
Agora o meu único avô, é o vô Garcia. Ele é apenas casado com a minha avó, é pai de umas das irmãs da minha mãe. Mas é aquele com quem eu mais falo. Ou falava. Estou bem longe agora.

Eu não estou triste, o vô Ruy está num lugar melhor. Vai poder encontrar a parte da família que já se foi, inclusive a tia Gabriella, sua irmã mais velha. Ainda lembro bem dela. Uma boa pessoa, muito divertida.

A vida é estranha e a morte faz a gente pensar nela. Temos que aproveitar cada momento, cada instante de felicidade. Temos que passar mais tempo com quem a gente gosta.
Porque algum dia, todos vamos partir.
E quando isso acontecer, espero que as pessoas se lembrem da gente com carinho. E que possamos descansar em paz.
Porque é mais difícil pra quem ficou. Pra quem nos amava.

Boa viagem vovô. Vai com Deus...


~~~

Eu acho que já tinha falado do meu avô antes. Mas acho que não faz mal relembrar um pouco as coisas. Já não estou mais triste com isso. A gente simplesmente se acostuma com as coisas. Faz parte da vida.

Viver é uma coisa interessante.

Comentários

  1. Laura,estava indo estudar e cismei de vir aqui.Ainda bem que fiz isso.
    Você já falou do seu avô,sim.Se não me engano,foi na época em que vocês tinham aquele template super colorido,lá no blig.

    É bonito de se ver a maneira como você lidou com o fato.Você não conviveu com seu avô,mas o fato de ele ter falecido fez com que você pensasse nele e na morte.E o pensamento ficou sensível.

    Me lembrei da primeira vez em que você foi ao meu blog;disse que também tinha muitos diários.Depois que fui lendo seus posts,tive curiosidade em saber como eram.Agora eu sei,e gostei demais.É você e pronto,só que sem um teclado.Me deu saudades do meu diário(muitas).Vou escrever nele com certeza!

    Beijos!
    Ps:e mais um texto quase sem emoticons!Hehehehehe

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  2. Menina Laura:

    Ninguém vai chorar por você,
    mas pela falta que você fará,
    a companhia e a presença,
    o tempo compartilhado,
    os espaços preenchidos,
    seu ouvido disponível,
    sua voz consoladora.

    A morte destrói o corpo,
    não o amor que ficou,
    embora em dor e saudade.

    Lembrança é quase pessoa,
    vagando por toda a casa,
    perfume de coisas órfãs,
    gemendo em cada lugar.

    Valter da Rosa Borges

    Forte abaço sempre.

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  3. Laura
    Acho que nos conhecemos em parte. Estou trocando algumas "figurinhas" com a Nina e espero trocar com vc tb.
    Lindo seu texto. É bom ver o quanto amadurecemos com o tempo e o quanto as coisas mudam, e geralmente pra melhor.
    Um gde bj

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  4. Seu post me lembrou muito eu com meu avô. Ele era bastante engraçado,mas eu não era tããão agarrada com ele. Mas pelo fato de ser nosso avô e que costumamos a vê-lo ali, ficamos bastantes sensíveis com esse acontecimento.

    Coisas assim que nos fazem parar pra pensar né? É muito estranho! A vida é estranha!!

    Essa "única certeza" ainda me assusta muito. Sabe como é... estão ali,puff... não estão mais... Que deprê! Ainda mais quando é alguém de nossa família. A perda é horrível! =/

    Eu não tenho mais nenhum avô e nem avó. Minha vó me faz muita falta...

    Mas enfim... como você disse,nós nos acostumamos e ficamos sempre com essa saudade dentro do peito.

    Kissus pra ti,doce Laura!! ^_~

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  5. Olá Nina, eu e Tânia vimos seu agradecimento, mas nós é q temos q agradecer por ter te conhecido. Qto a perder alguém é sempre dolorido demais, principalmente qdo é avô e avó q são os q paparicam. Tive uma avó assim, mas não conheci nenhum dos meus vôs.Saudade é bom p q possamos dar mais valor ao momento q vivemos. bjks no coração

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  6. Que lindo hein Laura?!
    *.*
    Me lembra a frase do Bob Marley ''Os ventos que as vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar.
    Por isso não devemos chorar pelo que foi tirado e sim, aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo que é realmente nosso nunca se vai para sempre''

    :')

    Beijos*

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  7. Seu avô parece meu pai.
    Ele também só bebe e fumava.Não fuma mais desde o ano passado.
    Quase não come também e é um doce.A pessoa mais doce do mundo.
    Ele é um avô dos sonhos para os meus filhos, que são completamente apaixonados por ele.
    Espero que tenha vida longa o meu pai.

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