A partida da minha querida prima

Depois de quase três semanas internada com Covid, minha prima Kit partiu para o Senhor no domingo passado. Minha Kit! Nossa Kit! O mundo certamente ficou um pouquinho menos romântico. E eu ainda estou naquela fase que todo enlutado se vê um dia, lembrando os momentos com ela; chorando todos os dias; ouvindo suas músicas preferidas; lendo suas muitas mensagens e emails; ouvindo sua risada, seu bom humor, sentindo sua bondade. Eu amava minha doce prima como uma irmã. Ela sempre esteve com a gente lá por casa: um dia chegou, com seus cabelos cacheados e sua voz mansa e foi ficando. Era doce como um morango bem madurinho e cheia de energia, como uma pimenta! Dona de uma alegria contagiante, Kit era uma garota e tanto! Apaixonada e apaixonante. 

Desde meus onze anos, até poucas semanas atrás, Kit foi muito presente na minha vida. Nunca deixou de entrar em contato, nunca deixou de me ver quando eu ia ao Brasil, nunca deixou de me falar palavras gentis, bem humoradas, alegres e cheias de esperança. Uma lutadora, uma guerreira, sempre disposta a recomeçar, mesmo quando tudo ia contra ela. A vida não foi fácil, mas a Kit sempre esteve lá, de peito aberto pra encarar o que surgisse. Caía, levantava, caía de novo e levantava pra continuar a caminhada sempre, sempre mesmo, com alegria e disposição. Nisso ela até lembra a minha mãe, tia que ela muito amava: nunca vi nenhuma das duas reclamando da vida!

Ela viveu com a gente entre idas e vindas, em quase todas as muitas casas em que moramos, e a sua companhia era sempre tão agradável. Nunca houve brigas, discussoes, muito pelo contrário, a Kit trazia paz, alegria e cordialidade ao convívio. Ela era do bem. Mesmo! E sei que muita, muita gente divide a mesma opinião comigo. Tenho visto as tantas mensagens de saudade daqueles que conheceram minha prima, que tiveram a oportunidade de tê-la como amiga, como irmã, como prima, como filha, como mãe... Me solidarizo especialmente com seus três filhos amados. 

A sua ausência nas nossas vidas será muito difícil daqui pra frente. Mas bem sei, que minha prima não gostaria de nos ver tristes. Isso eu sei! E é por ela também que eu às vezes, quando estou chorando, lembro de parar. 

Era uma romântica inveterada, minha prima! Teve seu grande amor, Jorginho, quando mocinha, que acabou um dia, mas ela nunca desistiu de encontrar o amor de verdade. Esteve por vários lugares a procura desse amor, que ela acreditava existir em algum homem. Viveu suas paixoes, confiava que aquele finalmente iria ser o grande amor de sua vida; nunca desistiu da busca, apesar de todas as decepcoes que sofria. Um dia, me disse que eu era assim também, apaixonada, e eu neguei: nao sou, prima... Na época, eu vivia um relacionamento dificil com o pai dos meus dois primeiros filhos, e sei que eu fui a única culpada por nao ter dado certo minha vida com ele. Desde que me entendo por gente namoradeira, tenho vivido uma vida com homens, sem muita paixão, sempre com um pé atrás, com medo de amar, mas no dia da morte da minha prima, aconteceu um milagre dentro de mim, mas isso fica pra uma outra história...

O que eu realmente queria com esse post, é agradecer publicamente a Deus pela benção de ter tido uma prima como a Kit. E por ter tido a chance de ter dito muitas vezes a ela, o quanto eu a amava e era grata pelo que ela tinha feito por mim lá em Itacoatiara. Sua presenca foi luz na escuridao por um tempo, e seu apoio fundamental pra eu me redescobrir. Mas nao somente isso, vivi com a Kit muitos lindos momentos, principalmente quando ela me levava pra sair com seus amigos e o Lupe, um dos seus namorados, nos anos 1980: um querido, que eu também amava muito, por ser um cara totalmente do bem e que a respeitava tanto!

E sabe o que mais importa nisso tudo que eu falei aqui? Minha prima procurou incansavalmente, o amor nesta Terra, mas desde domingo, dia 28.03.21, ela encontrou finalmente o Verdadeiro Amor, que eu tenho certeza, a esperava de braços abertos no céu: Jesus. Nós perdemos sua linda presença, mas ela ganhou: Kit está agora, feliz e sem dor e encontrou a paz e o amor infinitos, nos braços do Senhor.

Já pedi pra Ele dar um abração bem apertado nela por mim. E como eu lhe disse numa mensagem não lida (porque já estava internada) no seu Whats App: até breve, prima! Eu te amo!  

"Disse-lhe Jesus: 

Eu sou a ressurreição e a vida; 

quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá"