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Devaneios no ônibus

Quando eu era menina e pegava o ônibus com minha irma que nos levava a escola, lá pelo meus 12 anos, ficava pensando em toda aquela gente dentro e fora do ônibus. Gente que subia, que descia, que andava na rua, que corria pelos pontos de ônibus. Achava incrível o trabalhao que Deus tinha pra cuidar de todo aquele povo, era muita gente meu Deus do céu! Um monte de gente diferente, cada um com sua vida, sua história. Ficava um tempao olhando a cara de todo mundo... Tinha gente baixa, alta, gorda, magra, feia, bonita, velha, nova, arrumada, baguncada, cheirosa, fedorenta... e aí, nesse meio tempo de olhar cada rosto, ficava imaginando o que a pessoa estaria pensando. A moca no namorado, o homem da feira com sua sacola de palha estaria pensando em qual peixe iria comprar? A crianca chorona querendo alcancar alguém lá na frente e tendo que passar por aquele monte de bundas altas na frente dela, o moco bonito com mochila da moda e walkman, a moca arrumadinha indo trabalhar com seu blazer desnecessário naquela Manaus quente de iníco dos anos 80´s... e ficava pensando no trabalhao enorme que Deus tinha pra cuidar de cada uma daquelas pessoas. Achava muito complicado ser Deus. Como seria se Ele mexesse nisso ou naquilo na vida do Ciclano e de repente, isso alterasse a vida do Beltrano...o que faria Deus nesse caso???

Uma coisa que eu ficava muito indignada também era que eu via aquela gente todo santo dia,  eu reconhecia cada um deles, mas eles nao me viam. Eu tinha a impressao de ser invisível. Será que esse povo nao me reconhece? Eu sou a mesma menininha de todo dia, eu sei quem sao eles, porque eles nao olham pra mim?? Eu me perguntava chateada... Nao entendia como elas que me viam todo dia, no mesmo ônibus e no mesmo horário, nunca me cumprimentavam. 

Alguns pontos depois, aqueles devaneios passavam, eu descia do ônibus e ia toda arrumadinha pra escola esquecendo aqueles ingratos do ônibus. Na volta, eram sempre outras pessoas, eu nunca sabia quem eram elas, isso significava que era entao mais gente pra Deus ter que se preocupar. Como Ele conseguia aquela facanha?

* * *
lembrei disso, dessa época, lendo o texto que a Beth  fez para o blog da Norma. Cada um com sua vidinha, é isso aí...

Comentários

  1. kkkkk e tinha o menininho loirinho no onibus de volta para casa que eu sempre o paquerava, ele morava perto de casa, mas eu nunca soube o nome dele. rsrs
    Tb acho como Deus pode ser tao criativo e fazer as pessoas tao diferentes
    bjs
    Adri

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  2. Que legal teu texto e isso passa pela cabeça mesmo nos ônibus cheios, lotados ,mas muitos conhecemos e nem nos notam,rsrs beijos,chica

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  3. Oi Nina!
    Que bonitinho suas reminiscências de Manaus...
    Um beijinho do leste paulista,
    Cri.

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  4. Nina,
    Obrigada pelo link para o meu texto lá na Norma.
    Menina, é isso mesmo, quanto material humano vai dentro dessas latas enormes. Penso isto também quando me vejo dentro de algumas, pode ser até avião, mas são todos almas diferentes, com problemas parecidos ou muito diferentes, levando o fardo ou a alegria da vida.
    Hoje quando estava no metrô que me levava até a Tijuca, observei a mesma coisa naquele vagão, tantas caras diferentes e misturadas ali dentro. O Rio de Janeiro então,que é uma cidade que podemos dizer que 'tamojuntoegarrado' vou te contar, que fauna é isso aqui, tem de tudo!
    Mas, quando viajo pra fora vejo a mesma coisa, aqueles metrôs de Paris ou Londres com caras das mais diversas do mundo todo, mulher com burka, meninos loiros, homens bem negros recém chegados de alguma parte da África, chicanos que trabalham no comércio ou em trabalhos domésticos, bailarinas, modelos belíssimas, tem de tudo também. E eu adoro observar tudo isso!
    Lembrei-me de um fato interessante que ocorreu no metrô de Washington que ao meu lado ia um rapaz, gayzinho bem alegre e enfeitado e uma amiga dele, mocinha toda pintada e com uma roupa bem punk. O metrô estava semi vazio naquele vagão e eles iam cantando baixinho algumas musiquinhas, coisa bem adolescente. De repente ela cantarolou Garota de Ipanema em inglês e eu, folgada que nem só, emendei em português com ela e quando demos estávamos cantando juntos e rindo da nossa maluquice.
    Foi o máximo! Adoro estas coisas inusitadas, esses encontros do nada e que se transformam em momentos felizes e inesquecíveis.
    um super beijão, carioca



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  5. Putz Beth, agora fiquei imaginando essa cena,que belezinha de momento!!!

    aaahh meninas, vcs nao tem ideia de quao tolinha eu era qd menina :-) essa aí é só umas das minhas mts piracoes...

    Bjs queridas!

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  6. Sabe que volta e meia me pego pensano nessas coisas também, imaginando como é que é a vida daquela pessoa, o que ela comeu, o que ela está pensando,como será que é a família... Passei 4 anos voltando da faculdade à noite pensando nessas coisas...

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  7. Sabe que volta e meia me pego pensano nessas coisas também, imaginando como é que é a vida daquela pessoa, o que ela comeu, o que ela está pensando,como será que é a família... Passei 4 anos voltando da faculdade à noite pensando nessas coisas...

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  8. Aí que texto gostoso !

    Lembrei de tanta coisa que também presenciei em ônibus... Acho que vou aproveitar sua inspiração e contar umas coisinhas lá no blog .

    Beijos

    Selma

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  9. Nina, que coincidência!
    Ontem, quando estava esperando o ônibus com os meninos, numa avenida movimentada de Belo Horizonte, comentei com eles que sempre imagino quem são todas aquelas pessoas, onde moram,como é a casinha deles.Queria seguir um por um e acompanha-los.
    Valon achou uma bobagem sem tamanho,ja Jujuba, achou interessantissimo.

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  10. Menina Nina,
    vc me lembrou de mim mesma nas idas e vindas de casa p/ o colégio e vice-versa todo dia, santo dia;encontrando as mesmas pessoas e imaginando onde iriam, o que fariam...
    Poucas vezes acontecia uma conversa, um sorriso, todo mundo encafifado no seu mundinho de preocupações.Uma pena!
    Bjos,
    Calu

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  11. AMEEEI o texto! Comigo acontecia, muitas vezes, de ao ver uma pessoa que subia mudar o meu dia, sentia uma alegria inexplicável (e não precisava ser alguém conhecido, era energia mesmo). Adorava também, encontrar as mesmas pessoas com seus perfumes suas conversas ou simplesmente suas carinhas, tão conhecidas minhas.
    Vc hoje me trouxe boas lembranças, viu!
    Bjssssss

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  12. Eu penso muito em multidões também, sobre a vida das pessoas. Às vezes miro uma pessoa e fico imaginando como será a vida dela.

    No entanto eu jamais gostaria que a gente tivesse que cumprimentar as pessoas. Eu sou super chata com isso, detesto dar "bom dia" para quem não tenho intimidade. Sou aquela que diminui o passo para o vizinho entrar na minha frente e eu não ter que cumprimentar. Acho essa "dança social obrigatória" muito chata... rsrs

    Beijocas

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